Formação e alfabetização da modalidade educacional cooperativa para professores

Por Ana María Ramírez Zarza e José Yorg *

“A educação, mais do que um facto cultural e social, é um facto cooperativo, porque o processo envolve, colaborativamente, o professor como mediador, o conhecimento contribuído colaborativamente para a humanidade por outros e o aluno, que colabora no processo de ensino-aprendizagem por si mesmo e por seus colegas.”

Iniciamos nossa análise a partir da incorporação no campo do planeamento escolar, e que são apresentados como novos componentes de projectos para fortalecer o conhecimento prioritário, dos termos “preparação” e “alfabetização”.

Pensamos, como educadores cooperativos escolares e universitários, que é necessário dar a nossa visão e perspectiva sobre estas abordagens educativas, mostrando, em consequência, as diferenças entre o ensino tradicional em que, embora alguns termos técnicos sejam substituídos, no fundo nada muda, com respeito à abordagem educacional cooperativa, que é inovadora e dinâmica.

Assumimos também o compromisso de incorporar experimentalmente no nosso trabalho académico e escolar a alternativa de contar com o apoio de ferramentas de Inteligência Artificial (IA), utilizadas para consulta e análise de informação.

Diferenças nas abordagens de aplicação no processo de ensino-aprendizagem

Método Tradicional: Geralmente é baseado na aprendizagem passiva, onde os alunos recebem informações de um professor que actua como única fonte de conhecimento. A memorização e a repetição são enfatizadas, com menos interação entre os pares.

Educação Cooperativa: Promove a aprendizagem activa, participativa e colaborativa. Os alunos são incentivados a serem protagonistas, a serem colaboradores no processo educativo, são incentivados a trabalhar juntos e organizados, a debater e a tomar decisões em grupo e a aprender através da experiência directa. A colaboração e a solidariedade nas relações são elementos centrais.

Papel do professor

Método Tradicional: O professor é o transmissor do conhecimento. O professor passa então a ter um papel de autoridade educacional, onde sua principal função é transmitir conteúdos que os alunos sejam obrigados a construir seu próprio conhecimento, individualmente.

Educação Cooperativa: O professor é mediador entre o saber ou conhecimento e os alunos, orienta e acompanha o processo coletivo de aprendizagem, instituindo o ato educativo não apenas como um fato social, mas como um fato eminentemente cooperativo. Mais do que transmitir informação, promove a reflexão e a colaboração do aluno na sua própria aprendizagem, debate e a construção conjunta do conhecimento.

Estrutura da aula

Método Tradicional: A sala de aula tem uma estrutura mais verticalizada, historicamente derivada da era da revolução industrial, com o professor na frente e os alunos em uma disposição que reflecte uma hierarquia, que dificulta a inclusão. O trabalho individual tem precedência sobre as actividades em grupo.

Educação Cooperativa: A sala de aula está organizada de forma horizontal, onde todos os alunos têm voz e voto, pretende-se que estejam activamente envolvidos no processo de tomada de decisão. A inclusão ocorre através do trabalho em pequenos grupos para maximizar a interação.

Objectivos de aprendizagem

Método Tradicional: Centra-se principalmente na aquisição de conhecimentos teóricos e de habilidades cognitivas individuais, como leitura, escrita e cálculo.

Educação Cooperativa: Busca desenvolver o atributo de todo ser humano, a “Educabilidade”, e busca estabelecer um acordo com os pais ou responsáveis ​​dos alunos quanto à sua responsabilidade em desenvolver a “Formabilidade”, que consiste basicamente em treinar seus filhos para serem respeitosos, ordenados, colaborativos, disciplinados, elementos que facilitam o processo.

Portanto, não apenas compartilha conhecimentos teóricos, mas também habilidades práticas, como resolução de problemas em grupo, liderança democrática, responsabilidade compartilhada e solidariedade.

Avaliação

Método Tradicional: A avaliação geralmente é somativa, com exames e testes padronizados que medem o desempenho individual do aluno.

Educação Cooperativa: A avaliação é contínua e formativa, focada no processo, na colaboração e na aprendizagem compartilhada. Tanto os resultados do grupo quanto as contribuições individuais para o grupo são valorizados.

Desenvolvimento de Valores

Método Tradicional: Embora possa transmitir valores, é mais focado no sucesso individual. Os alunos competem entre si para obter melhores notas ou se destacar academicamente.

Educação Cooperativa: Promove valores e princípios cooperativos como a solidariedade, a cultura do trabalho em equipe, a equidade e o respeito pelas opiniões dos outros. Os alunos aprendem a ver a educação como um bem comum, onde todos contribuem para o bem-estar do grupo.

Relacionamento com a Comunidade

Método Tradicional: Está mais centrado na preparação académica para o futuro, com ligação limitada à comunidade imediata, e os estágios são muitas vezes vistos como uma preparação para níveis mais elevados de educação ou para o mercado de trabalho.

Educação Cooperativa: Possui forte ligação com a comunidade, pois busca que os alunos apliquem princípios cooperativos, não apenas na escola Cooperativa, que é um recurso didático que envolve a aplicação prática de conhecimentos prioritários e culturais. Também no seu meio social, resolvendo problemas locais e participando de projectos comunitários.

Para concluir

Estas diferenças mostram como a educação cooperativa está orientada para o desenvolvimento integral e integrativo do aluno num contexto social e colaborativo, enquanto o método tradicional tende a centrar-se na transmissão do conhecimento de forma mais individualizada e estruturada fechada.

About the Author

Jose Yorg
José Yorg é educador e docente técnico em Cooperativismo, membro da Rede de Investigadores Latinoamericanos de Economia Social e Solidária (RILESS), que envolve universidades da Argentina, Brasil, Equador e México. Este argentino nascido em Assunción (Paraguay) desenvolve actividades na Tecnicoop, na província de Formosa, onde é também perito judicial técnico em Cooperativismo no Superior Tribunal de Justiça.

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