
Por Raquel Azevedo *
Difícil de começar a escrever depois de ver este filme. Não é uma ficção, apesar de ser um filme com atores e atrizes a representar. É bem real, forte e muito duro, o que vemos nesta película. Vou mais longe, angustiante, cria raiva dentro de quem sente e vê tanta desumanização!

“Green Border” é um filme realizado por Agnieszka Holland, realizadora polaca, que retrata a crise humanitária vivida na fronteira entre a Polónia e a Bielorússia, pouco antes da invasão da Ucrânia. Demonstra a clara desumanização da Europa, a falta de políticas concretas para o combate a esta violência a que muitas pessoas, muitas são crianças e mulheres grávidas, se expoem para encontrar uma vida melhor.
E que a União Europeia não consegue dar uma resposta clara. Uma UE que se diz solidária e que dentro das suas portas vive um drama, uma violência devastadora.
Um retrato ao qual fugimos desde de 2015 e que parece longe, bem longe de nós, mas que está bem aqui ao nosso lado.

As imagens falam muito por si e são claras, da forma como todos somos parceiros nesta desumanização. Mas o filme mostra a forma, diria estranha, como tratamos os refugiados vindos de diferentes países em guerra. Como pode a Europa, que diz de voz plena e cheia que está de braços abertos e é solidária? Como podemos deixar países dentro da UE tratar seres humanos desta forma tão violenta, quer física quer psicologicamente?
As interpetações são fortes, intensas, o filme dá-nos um murro no estômago. Este filme mostra e fala não só de uma temática que assombra o continente europeu. Mas mostra também que o cinema é uma ferramenta e tem esse dever, na minha opinião, de nos fazer chegar estas histórias, que por vezes “zapamos” ao mudar de canal quando passam no telejornal. Mas que não podemos ficar indiferentes.
Vão, vejam, falem deste filme e vamos tentar transformar este percurso da história. Pois o continente europeu tem muitas marcas e feridas que não podem e não devem repetir!
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