Governo cede a confederações de agricultores mas protestos já bloqueiam rodovias

O governo aceitou reverter os cortes previstos para os agricultores, no âmbito do Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC), avançou ontem a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), após nova ronda de negociações. Espera-se no entanto, e a partir de hoje, uma série de protestos nas rodovias um pouco por todo o país.

O presidente da CAP Álvaro Mendonça e Moura revelou ontem, em comunicado, que o compromisso assumido pelo governo de pagar aos agricultores a totalidade das verbas respeitantes às medidas agroambientais a que se candidataram, no âmbito do PEPAC (cujo valor global ronda os 65 milhões de euros), “dá razão às exigências da CAP e corrige o gravíssimo erro de gestão do Ministério da Agricultura”.

A Confagri já havia posicionado relativamente aos cortes anunciados na semana passada nos pagamentos aos agricultores, considerando-os “um duro golpe”. No entanto, no seguimento de inúmeras reuniões posteriores com o governo, algumas à margem do próprio Ministério da Agricultura, a situação foi revertida. O executivo em funções aproveitou para rejeitar os protestos que afetam o sector.

Grupos de agricultores anunciam protestos com bloqueios
A Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas e do Crédito Agrícola (Confagri) emitiu ontem uma nota onde afirma compreender “a revolta” dos agricultores face à “falta de visão e estratégia” para o sector, e confirma a reversão pelo governo dos cortes previstos.

Idalino Leão, presidente da Confagri afirmou que “entendemos perfeitamente a revolta dos agricultores, porque isto resulta de uma falta de visão e estratégia a médio longo prazo, desde logo de Bruxelas, e depois de cada Estado membro ‘per si’”.

A CAP também entende que “este não é o momento para ir para a rua e contribuir para acrescentar instabilidade à enorme instabilidade que já vivemos”, afirmou Álvaro Mendonça em comunicado.

Alguns movimentos de agricultores e jovens empresários estão a convocar, a partir da manhã de hoje, quinta-feira, um bloqueio de rodovias, à semelhança do que tem vindo a decorrer em França e Espanha. As informações, boa parte de forma anónima, enviadas à comunicação social por um dos grupos convoca os protestos, sobretudo para zonas de fronteira desde Trás-os-Montes ao Algarve.

Em um documento divulgado esta quarta-feira, citado pela agência Lusa, e num grupo na rede social Facebook, o recém criado Movimento Civil pela Agricultura afirma que “os agricultores vão para as estradas portuguesas com máquinas agrícolas e outras viaturas pesadas lutar pelo direito humano à alimentação adequada, por condições justas e pela valorização da atividade”. 

Dentre os participantes deste colectivo, alguns estão ligados à Juventude do PSD no Alentejo. Nas últimas horas, algumas associações de agricultores tem se juntado ao protesto, embora tenham afirmado que se trata de uma participação espontânea, sem convocações das federações ou confederações. (Fonte: Confagri, CAP e Lusa; Foto: Agri_Tractor)

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Marcelo de Andrade
Editor do Diário 560. Jornalista e Fotojornalista há 35 anos.