[Actualizada às 21:32] Os valores apresentados pelo governo na terceira reprogramação do Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC) apresenta uma forte redução das verbas disponíveis para o investimento na Agricultura, situação fortemente criticada em uníssono pela Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas e de Crédito Agrícola (Confagri) e pela Federação Nacional das Cooperativas de Produtores de Leite (Fenalac).
Os cortes previstos, na ordem dos 50%, representam um “rude golpe” nas expectativas dos produtores de leite, afirma a Fenalac em nota, que aponta como “urgentes” mais investimentos na modernização das explorações leiteiras.
Segundo a Confagri, estão previstos cortes de 221 milhões de euros no investimento, 181 milhões na sustentabilidade, 55 milhões no risco e organização da produção e ainda reduções de 23 milhões de euros em “conhecimento”.
Por outro lado, o governo anunciou nesta quinta-feira a dotação das medidas para a agricultura na ordem dos 2.085,6 milhões de euros, mais 35,6% em relação a 2024, segundo a proposta do Orçamento do Estado para 2025.
Para Nuno Serra, da Confagri, “não apostar no investimento é abdicar do futuro da agricultura e deitar a perder a possibilidade, atribuída pela Política Agrícola Comum, dos agricultores inovarem nas suas produções, melhorarem as suas práticas sustentáveis e serem mais competitivos nos mercados europeus e globais.”
Já o secretário-geral da Fenalac, Fernando Cardoso, avalia que “o PEPAC deve apoiar a atividade económica agrícola em detrimento da simples remuneração da propriedade”, e que a implementação destes investimentos “é fundamental para o desenvolvimento sustentável da fileira do leite”.
As federações enumeram os pontos principais que precisam de investimento, em risco de cortes, como a restruturação das unidades produtivas, a atualização dos equipamentos, a redução de custos operacionais, nomeadamente as despesas com energia, e também o ajustamento às alterações climáticas.
Nuno Serra recorda que os apoios devem destinar-se a quem trabalha na gestão activa e produtiva do território, “discriminando positivamente quem produz e contribui positivamente para o PIB Nacional”.