
Carvão (Charbon), o filme
Raquel Azevedo *
A curta-metragem Carvão foi um filme que me surgiu do nada. Estava ao azar à pesquisa na plataforma de streaming Filmin. Apetecia-me ver algo de diferente, não sabia o que me esperava.
Mas a verdade é que é uma curta-metragem que fala tanto sobre as vidas precárias e pesadas que muitos de nós vão tendo de passar.

É um thriller forte, de tirar a respiração pela maneira como a história nos é contada. Mas também, e muito bem interpretada, pela personagem principal, Mirko.
A história aproxima-nos tanto do nosso dia a dia, faz-nos sentir e vestir a pele da figura principal, um jovem estudante, que trabalha como estafeta e que está prestes a ficar sem casa. Tão real ao que vivemos nesta atualidade dura e crua da humanidade.
No mundo do trabalho, onde a precariedade, a falta de direitos laborais está cada vez mais presente. Pois este mercado de trabalho, de sua estrutura liberal e neoliberal, onde só quem é empreendedor é que tem possibilidade de ter um futuro.
Quando nos dizem trabalha por conta própria, pega na tua ideia e segue, basta acreditar e vais conseguir, caminhamos para um cenário cada vez mais escuro e obscuro.
Esta ansia de competição para se ser o melhor, ter bons resultados, leva o mundo a criar novas formas de trabalho, como a dos estafetas geridas por algoritmos. Como se tudo tivesse um número e tudo vale por números. Este filme faz também pensar e deixa-nos espaço para a reflexão do quanto nos podemos tornar egoístas.
Vale muito a pena ver, faz-nos refletir e espero que nos possa também dar ferramentas para a ação! Uma realização bem afiada que juntamente com a temática e boas interpretações nos tira o fôlego.
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