A importância da convocação de um Congresso Pedagógico Cooperativo

“Por fim, propõe que a disciplina de cooperação docente exige uma «pedagogia sui generis para a educação cooperativa, e uma didática concomitante» que vise alcançar uma «consciência crítica da realidade social» e um conhecimento teórico do «fenómeno socioeconómico cooperativo» como instrumento transformador”.

Mário Schujman

“A educação argentina está paralisada e privatizada. […] A escola pública está a tornar-se um espaço empobrecido para os pobres, enquanto os sectores médio «baixo, médio e alto» acreditam que estão salvos enviando os seus filhos para a escola privada. Não existe um único indicador de inclusão ou qualidade que tenha saído da estagnação de décadas e o sistema educativo está cada vez mais segregado em termos sociais e culturais.”

Mariano Narodowski

“Acredito que é necessária uma ruptura epistemológica na pedagogia cooperativa, uma revolução pedagógica para nos aproximarmos dos alunos, aprendermos com eles e juntos, coletivamente e solidariamente, gerarmos conhecimento.”

Mário Schujman

Por José Yorg, o cooperário *

Caro leitor, vamos iniciar um diálogo ou talvez um debate enquadrado pelo título proposto tendo como gatilho uma pergunta: O que é um congresso pedagógico? Que questões irá abordar? É pertinente convocar? Qual a importância, que contribuições terá ou se espera do congresso pedagógico? Permanecem como elementos de reflexão.

A princípio pensamos na convocatória do congresso como um espaço de reflexão, debate e contribuições que enriquecerão a educação oficial, visto que a educação cooperativa escolar e universitária promove no aluno o desenvolvimento do que se categoriza como inteligência múltipla, consistente, entre outras, na solidariedade organizacional, moral, que põe em ação um método de estudo baseado em grupos cooperativos que se apoiam mutuamente.

O que é pedagogia? As definições são muitas, para nós é uma ciência social cujo objeto de estudo é a educação, para isso o pedagogo investiga e reflete para construir e propor teorias educacionais.

“A educação não muda no mundo: muda as pessoas que vão mudar o mundo.”

Paulo Freire

Nós, professores cooperativos (Ana María Ramírez Zarza e José Yorg), chegamos a um ponto no desenvolvimento de nossas tarefas educativas cooperativas e nos preocupamos, justamente, com o que afirmamos acima: “o pedagogo investiga e reflete para construir e propor teorias educacionais”. Pois bem, colidimos frontalmente com a realidade de que a educação cooperativa está impregnada de pedagogia liberal.

No nosso caso, somos licenciados em Institutos Superiores de Formação de Professores cuja formação se baseia em princípios pedagógicos liberais e mesmo na pedagogia neoliberal.

Em nossa opinião, chegou a hora de a educação cooperativa escolar e universitária refletir coletivamente num congresso cujas conclusões mostrem de uma vez por todas o seu esplendor como pedagogia transformadora e o que Paulo Freire destacou: “A educação não muda no mundo: muda as pessoas que vão mudar o mundo.”

Corrente pedagógica cooperativa
Assumimos a tarefa de refletir sobre o cooperativismo como filosofia e movimento socioeconómico e entendemos que este é o lugar para começar a construir e propor uma teoria educacional: assim surgiu a “Corrente Pedagógica Cooperativa”.

Então, é possível especificar uma pedagogia cooperativa? É totalmente possível especificar uma pedagogia cooperativa, e ela se baseia na demanda imposta pelo objeto de estudo, que é o estudo do fenómeno “cooperação”, aplicando um método específico de análise, por ser peculiar e diferenciado da liberal pedagogia cujo método de estudo e reflexão é orientado e estruturado para reproduzir conhecimentos e comportamentos condizentes com o capitalismo.

Agora qual é o método? O grande professor León Schujman ilustra-nos: “O método é o caminho que o pensamento segue para conhecer a realidade” e acrescenta que “a teoria cooperativa deve oferecer-nos um sistema de ideias que nos permita apoiar um método de análise que oriente a ação comum.” Poderíamos acrescentar que é também uma ferramenta processual.

Este método de análise específico do fenómeno da “cooperação” constitui o que Schujman define: “Estes princípios são o primeiro componente do quadro teórico para a abordagem cooperativa”.

A pedagogia cooperativa e o seu método de análise contemplam o contexto em que a cooperação desenvolve a sua ação e não se separa da estrutura capitalista e da sua influência negativa, e que o autor que acompanhamos nesta obra esclarece:

“Outro elemento essencial a ter em conta na abordagem cooperativa da realidade é que o cooperativismo nasceu e se desenvolve historicamente como um movimento de mudança e progresso social.”

L. Schujman

“Nascido como uma resposta crítica à injustiça social que levou ao desenvolvimento do capitalismo e à sua subsequente expressão de concentração monopolista, o comportamento [do cooperativismo] tem sido solidário com as causas progressistas da humanidade.”

Em suma, não pensamos neste Congresso Pedagógico em termos exclusivos, pelo contrário, acreditamos firmemente que é tal a crise educativa, a sua estagnação como fonte de conhecimento socialmente válido, que o que fazemos é abrir as portas ao debate às diferentes correntes pedagógicas.

Em fraternidade, um abraço cooperativo!

About the Author

Jose Yorg
José Yorg é educador e docente técnico em Cooperativismo, membro da Rede de Investigadores Latinoamericanos de Economia Social e Solidária (RILESS), que envolve universidades da Argentina, Brasil, Equador e México. Este argentino nascido em Assunción (Paraguay) desenvolve actividades na Tecnicoop, na província de Formosa, onde é também perito judicial técnico em Cooperativismo no Superior Tribunal de Justiça.

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