Abbas Kiarostami

Raquel Azevedo *

Abbas Kiarostami, um dos cineastas mais influentes do cinema iraniano e mundial, tem uma abordagem única e filosófica em suas obras. Em vários artigos e entrevistas, ele compartilhou suas reflexões sobre seu trabalho e sua visão artística. Aqui estão alguns pontos essenciais que Kiarostami abordou sobre ele mesmo e seus filmes.

Reflexões sobre seu Estilo Cinematográfico
Kiarostami é conhecido por um estilo minimalista e poético, frequentemente explorando temas de identidade, realidade e a condição humana. Ele acredita que o cinema deve envolver o espectador ativamente, permitindo-lhes interpretar e encontrar significado pessoal em suas obras. Em várias entrevistas, Kiarostami expressou a ideia de que o cinema é uma arte de ambiguidades e sutilezas.

Influências e Inspirações
Ele mencionou que suas influências vêm tanto do cinema clássico quanto da literatura persa. A simplicidade e a profundidade emocional de seus filmes são, em parte, inspiradas pela poesia persa, especialmente a de poetas como Rumi e Hafez. Essa influência poética é evidente na maneira como ele lida com a narrativa e a imagem.

Temas Recorrentes
Os filmes de Kiarostami frequentemente lidam com temas de vida e morte, verdade e ilusão, e as complexidades das relações humanas. Filmes como “Close-Up” e “Taste of Cherry” exploram essas temáticas de maneira profundamente filosófica, questionando a realidade e a percepção.

Cena do filme “Onde fica a casa do meu amigo”, de 1987.

A Natureza e a Realidade
A natureza desempenha um papel crucial em muitos de seus filmes, não apenas como pano de fundo, mas como um personagem próprio. Kiarostami frequentemente utiliza paisagens naturais para refletir estados emocionais e filosóficos de seus personagens.

Interação com o Público
Kiarostami frequentemente falava sobre a importância da interação entre o filme e o espectador. Ele acreditava que os filmes não deveriam fornecer todas as respostas, mas sim, incitar perguntas e reflexões. Para ele, um filme completo era aquele que continuava a “viver” na mente do espectador muito depois de ele ter saído do cinema.

Técnica e Tecnologia
Apesar de seu apreço pela simplicidade, Kiarostami não evitava a tecnologia. Ele foi um dos primeiros cineastas a adotar o cinema digital, explorando suas possibilidades em filmes como “Ten”. Ele via a tecnologia como uma ferramenta que poderia oferecer novas formas de expressão e narrativa.

Educação e Juventude
Kiarostami também estava profundamente envolvido na educação cinematográfica, incentivando jovens cineastas a encontrar sua própria voz. Ele dirigiu workshops e participou de programas de desenvolvimento de talentos, acreditando na importância de uma nova geração de cineastas inovadores.

Em resumo, Abbas Kiarostami via o cinema como uma arte de exploração e reflexão, uma maneira de questionar e compreender a vida. Sua abordagem poética, combinada com uma profunda compreensão das complexidades humanas, fez de seus filmes obras de arte que continuam a ressoar com audiências ao redor do mundo. Para quem quiser descobrir ou reviver estão na plataforma da RTP Play, o filme “Onde fica a casa do meu amigo”, um filme intenso e belo.

About the Author

Raquel Azevedo
* Raquel Azevedo é técnica multimédia, produtora, activista sindical e cinéfila.

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