A crise é do capitalismo, não do cooperativismo, caramba!

Quanto à razão, conheço alguns que conseguiram tocar o céu dos mortos, não é solução, conheço mais de um homem que adormece entre palmeiras feitas com as pobres almas dos defuntos, na vida as águas costumam ser as mais podres, as mais calmas.” 
José Larralde

Por José Yorg, o cooperário *

Nesta ocasião recordo que há algum tempo em uma reunião com meus colegas fiz uma análise que hoje, à luz dos acontecimentos que abalam o mundo, considero oportuno reiterar: observei que a crise é do Capitalismo financeiro e global, não do cooperativismo, como dizem os membros da [revista electrónica] Todo por Hacer da Espanha, que afirmaram que “A crise é do Capital, não da cooperação”, com base na crise representada pelo caso da Fagor (Mondragón) afirmaram que “ilustra a realidade do cooperativismo mercantilista, que é aquele que se autodenomina cooperativo, mas está totalmente envolvido nas práticas do mercado internacional. […] Pouco a pouco foram esquecidos os princípios cooperativos de proximidade ao território, desenvolvimento social e produção de necessidades“.

[Nota do editor: A cooperativa Fagor hoje está em recuperação judicial, devido ao colapso como consequência de uma internacionalização desastrosa, desde 2013.]

E devemos ter isso em mente, porque muitas pessoas distraídas querem nos convencer de que o cooperativismo não está a avançar. Não está a avançar quando se esquecem dos valores e princípios cooperativos e se assimilam às empresas capitalistas. Esse é o grande erro, insistimos.

Na realidade, e isso é claramente evidente, o capitalismo financeiro entrou numa espiral de selvageria senil.

“A manipulação dos média causa mais danos do que a bomba atómica, porque destrói cérebros.” 
Noam Chomsky

Sabemos que a plena e nobre realização do cooperativismo de forma livre é praticamente impossível porque os interesses mesquinhos e os lacaios capitalistas a impedem e, consequentemente, lhes dói não poder deter o avanço da transformação social que o povo exige; fracassaram miseravelmente.

Muitas tarefas educacionais e formativas nos aguardam, assim como compartilhar conhecimentos que libertem nossas mentes da colonização das falácias organizadas, promovidas e aplicadas pelos neocoloniais através dos seus médias monopolistas que tanto mal causam.

A crise económica e política é irreversível em todo o mundo. O plano de redefinir ou reiniciar o capitalismo, como já foi feito tantas vezes, agora está sendo apresentado para o povo, ou melhor, está a empurrar o povo para as ruas para protestar. A França está lá a relembrar o Maio francês.

A Espanha com suas próprias questões, com problemas sociais que não dão trégua. A América Latina com as suas veias abertas, como disse Eduardo Galeano.

Nós, os militantes do cooperativismo, vamos acelerando a recuperação política do cooperativismo. Nosso objectivo é construir poder político cooperativo e, assim, visualizar que o capitalismo deve ser superado.

A actual crise global, vamos dizer em voz alta: é uma crise económica e política do capitalismo, o cooperativismo não faz parte dessa crise de forma alguma, caramba!

Continuaremos porque é nosso dever…

Em fraternidade, um abraço cooperativo!

About the Author

Jose Yorg
José Yorg é educador e docente técnico em Cooperativismo, membro da Rede de Investigadores Latinoamericanos de Economia Social e Solidária (RILESS), que envolve universidades da Argentina, Brasil, Equador e México. Este argentino nascido em Assunción (Paraguay) desenvolve actividades na Tecnicoop, na província de Formosa, onde é também perito judicial técnico em Cooperativismo no Superior Tribunal de Justiça.

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