Por Tiago Veloso
Os princípios
Nos próximos artigos tentarei relacionar os princípios cooperativos com o panorama social atual.
Partindo do primeiro princípio, adesão voluntária e livre.
No Código Cooperativo, o 1º Princípio – Adesão Voluntária e Livre, transcreve:
“As cooperativas são organizações voluntária, abertas a todas as pessoas aptas a utilizar os seus serviços e dispostas a assumir as responsabilidades de membro, sem discrição de sexo, sociais, políticas, raciais ou religiosas.”
Do princípio podemos retirar conclusões importantes.
As cooperativas são organizações voluntárias, ou seja, ninguém é obrigado a constituir uma cooperativa ou sequer a fazer parte de uma. Desde a sua génese até a sua extinção as cooperativas são organizações de “quem quer estar”, de quem acredita, de quem participa, de quem tem o mesmo objectivo. Esta forma de estar, obriga à não passividade. A cooperativas são organizações para os seus membros e dos seus membros. Implica uma atitude, uma acção! A Cooperativa não se cria/constitui sozinha necessita de uma vontade de uma acção para ser constituída/criada. Numa sociedade que cada vez mais se baseia na passividade, o 1º princípio cooperativo leva-nos para a alternativa, a acção!
As cooperativas são abertas, sim são. Para entrar, estar e para sair. Como vimos anteriormente as cooperativas são abertas a todas as pessoas aptas a utilizar os seus serviços e dispostas a assumir a responsabilidades de membro. Em linha directa com a organização voluntária temos a “abertura” a todos. Todos que na realidade não são todos. São todos os que tiverem dispostos a assumir as responsabilidades de membro. Isto é, fazer parte de uma cooperativa não é só direitos, é também um conjunto de deveres. Cada cooperativa com os seus, mas todas elas dependem também deste conjunto de deveres aos quais os cooperadores têm de estar dispostos a cumprir. Só com esta dicotomia direitos/deveres é que as cooperativas funcionam e “permitem” que os seus membros “entrem”. Ao mesmo tempo se não quiserem cumprir podem a qualquer momento sair, ou até mesmo se não cumprirem podem ser convidados a sair pela própria cooperativa. Mais uma vez este princípio leva-nos à responsabilização dos membros. Seguindo a mesma linha de pensamento, estamos perante uma alternativa à não responsabilização constante que nos é apresentada diariamente na nossa sociedade. A “culpa” nunca é minha!. Sim nas cooperativas a culpa é minha, tua nossa, do bom e do mau! Esta educação para a responsabilização é também uma ideia alternativa ao instalado. Num futuro próximo skills básicos como este podem ser a diferença entre o sucesso e o fracasso.
Segue-se a não discriminação de sexo, sociais, políticas, raciais ou religiosas. Sim, as cooperativas são organizações onde o que importa é o objectivo/fim para a qual elas são constituídas e não por quem é que são constituídas. Como vimos anteriormente desde que os cooperadores estejam dispostos a cumprir para com os direitos e deveres da cooperativa todo o resto é irrelevante e não pode ser tido como denominador para a adesão ou não na organização. A educação para a inclusão e não discriminação, torna o cooperativismo um modelo atual e realizável.
Como vemos através da analise do 1º principio cooperativo podemos ver que a educação para o cooperativismo poderá trazer uma alternativa credível para uma sociedade que padece de vários princípios e valores que se foram perdendo ao longo do tempo.