Edgar Vilares Diogo *
Artigo do membro da União das Mútuas Portuguesas (UMP), coordenador do Grupo de Organizações da Sociedade Civil, para o mais recente boletim do Comité Económico e Social Europeu (CESE), dedicado aos rumos sociais da Europa após as eleições parlamentares.
As eleições europeias de 9 de Junho remodelaram o Parlamento Europeu e as expectativas são elevadas para o futuro da UE. Os resultados destas eleições desempenharão um papel crucial na definição do caminho da UE, especialmente em termos da sua capacidade de responder aos desafios sociais emergentes.
A nova composição do Parlamento Europeu oferece uma oportunidade única para aumentar a confiança das pessoas nas instituições europeias. A fim de aumentar a participação, a transparência e a inclusão na tomada de decisões, é particularmente importante que as instituições europeias tornem os seus processos mais acessíveis e mais fáceis de compreender para o público. Uma comunicação direta e clara aliada a uma maior utilização das plataformas digitais pode ajudar a atingir este objetivo.
A UE deve continuar a dar o exemplo em matéria de sustentabilidade. A transição para uma economia verde não é apenas uma necessidade ambiental, mas também uma oportunidade económica. Investir nas energias renováveis, nas tecnologias limpas e na economia circular é um passo fundamental. Estas iniciativas devem ser acompanhadas por políticas robustas para serem implementadas de forma eficaz. É importante que a UE mantenha e reforce a sua posição de liderança nas negociações climáticas globais. É essencial que sejam assinados acordos ambiciosos que envolvam todos os países, de forma a enfrentar as alterações climáticas de uma forma coordenada e eficaz. Incentivar a inovação verde com incentivos fiscais e subsídios pode acelerar a adoção de tecnologias mais sustentáveis.
“O sucesso desta agenda determinará não só o futuro da União Europeia, mas também a sua relevância num mundo cada vez mais interdependente e desafiante.”
A solidariedade entre os Estados-Membros é uma pedra basilar da União Europeia. Para garantir um desenvolvimento económico justo, a UE deve também reforçar as suas políticas de coesão, aumentando o financiamento para as regiões mais desfavorecidas e promovendo projetos que reduzam as disparidades económicas e sociais. Prevê-se que os desafios sociais que a UE irá enfrentar nos próximos anos serão numerosos e complexos. Questões como o envelhecimento da população exigem políticas inovadoras de apoio aos idosos, e a promoção do envelhecimento activo deve permanecer na agenda. A transição digital combinada com a automatização, enquanto motores do progresso económico, também pode resultar em desigualdades se não forem acompanhadas de políticas de requalificação e de apoio aos trabalhadores afetados.
A migração continuará a ser um tema premente e a UE deverá adotar uma abordagem humana e integrada, incluindo políticas de integração eficazes para os migrantes, garantindo-lhes o acesso à educação, à saúde e a oportunidades de emprego.
A pandemia de COVID-19 sublinhou a importância de sistemas de saúde robustos. A UE deve trabalhar numa política de saúde comum que melhore a cooperação entre os Estados-Membros e garanta uma resposta eficaz a futuras crises sanitárias.

Por último, a promoção da igualdade de género e dos direitos LGBTQ+ deve ser uma prioridade. Políticas que garantam a igualdade de oportunidades e combatam a discriminação são essenciais para uma sociedade justa e inclusiva.
O futuro da União Europeia dependerá da sua capacidade de responder eficazmente a estes desafios. Aumentar a sua credibilidade e legitimidade democrática, adotar estratégias sustentáveis e combater as alterações climáticas, além de promover a solidariedade e o desenvolvimento económico justo, são passos essenciais para garantir que a UE continua a ser um projeto de PAZ e de prosperidade.
Em última análise, o sucesso desta agenda determinará não só o futuro da União Europeia, mas também a sua relevância num mundo cada vez mais interdependente e desafiante. A esperança é que os líderes europeus correspondam a estas expectativas e sejam capazes de continuar a guiar a União Europeia para um futuro risonho e sustentável.
(* Edgar Vilares Diogo é presidente da Mesa da Asembleia da Mutualidade de Santa Maria; Imagem: CESE)
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