[Da Valor Social] A cidade de Dublin (Irlanda) acolheu este ano a conferência anual da Federação Europeia de Bancos e Entidades Financeiras Éticas e Alternativas (FEBEA). Nos dias 26 e 27 de Setembro, representantes de 33 instituições financeiras éticas de 15 países europeus.
Daniel Sorrosal, secretário-geral da FEBEA, revelou que os últimos números mostram que o sector financeiro ético na Europa movimenta perto de 71 mil milhões de euros. Apontou a habitação e as alterações climáticas como os principais desafios que o financiamento ético enfrenta hoje na Europa. Por isso, incentivou as entidades presentes a continuarem a apoiar e a financiar, com ferramentas criativas, as organizações que ajudam a enfrentar estes desafios.
A reunião anual da FEBEA tinha como objectivo sublinhar a importância do trabalho em rede entre as entidades da Federação na Europa. “Trabalhar em rede torna-nos mais fortes e resilientes, mas também nos aproxima das comunidades”, afirmou Pedro Sasia, presidente da FEBEA, na abertura da Conferência.
As alianças, a evolução crescente do sector e o trabalho conjunto são importantes na defesa política, não só na Europa, mas também nos respectivos países. Neste sentido, a participação na tomada de posse do ministro das Finanças irlandês, Jack Chambers, e da comissária europeia para os Serviços Financeiros, Mairead McGuinness, representou um apoio à visibilidade do sector.
Testemunhos de desafios e dificuldades
Esther Luna, da Colonya Caixa Pollença, destacou a importância do envolvimento com as comunidades locais onde trabalham, destacando, como exemplo, as oportunidades de emprego local que o seu projecto trouxe ao município das Ilhas Maiorca, onde estão localizados.
Por seu lado, John Vanwynsberghe, da entidade belga Hefboom, concentrou-se em estar atento às competências e aos activos disponíveis nas próprias redes, definindo objectivos claros para a acção conjunta entre parceiros.
Para Bogdan Merfea, da entidade romena AFIN, a definição conjunta de objetivos facilita um dos desafios de trabalhar em rede: alinhar pessoas e entidades com diferentes origens e formações. Por fim, Bernard Horenbeek, da entidade francesa LaNef, destacou a importância desta colaboração contínua entre entidades parceiras, para compreender e resolver necessidades mútuas.
![](https://diario560.pt/wp-content/uploads/2024/10/FEBEA-Fin-Etic-Encontro-de-Jovens.jpg)
Durante um painel com grupos de desenvolvimento comunitário irlandeses, sobre a importância das organizações comunitárias locais, Mary Mullen, da Knockatallon Community, destacou a importância do financiamento social e ético para financiar projectos comunitários, que derivam de necessidades detectadas pelas próprias populações locais.
As finanças éticas são um movimento
O encontro serviu também para acolher duas novas entidades parceiras, a Fundação Seira e a Socialni Innovatori. Paralelamente à assembleia da federação, realizou-se ainda o primeiro Encontro Europeu de Jovens da FEBEA, promovido e organizado pela área de Relações Associativas da italiana Fiare Banca Etica.
No encerramento, o director executivo da Community Finance Ireland (CFI), Dónal Traynor, quis focar em como o financiamento ético pode gerar mudanças reais nas comunidades locais: “Os credores tradicionais têm dificuldade em oferecer facilidades de crédito holísticas às pessoas, as comunidade e ao sector voluntário, e centram-se nos resultados financeiros e nas margens de lucro”, disse Traynor.
(Fonte: Valor Social/Fundação Finanzas Éticas)