Economia Social vs. Cooperativismo: Um debate necessário e oportuno

“A economia moderna é dirigida. Ou o estado a dirige ou os poderes económicos a dirigem. Vivemos em um mundo economicamente organizado por medidas políticas, e qualquer um que não organize sua economia politicamente é uma vítima.” 
Arturo Jauretche

Por José Yorg, o cooperário *

Nos últimos tempos, a ideia predominante é que a chamada Economia Social está ganhando mais importância do que o Cooperativismo e, se começarmos a olhar com atenção, isso realmente é verdade. Algumas organizações e instituições enfatizam a Economia Solidária e deixam em segundo plano o Cooperativismo.

Em que momento histórico essa situação começou? É difícil determinar. Mas sabemos que esse problema começou com políticas neoliberais; as instituições oficiais [argentinas] deixaram de se chamar Instituto Nacional de Cooperativas e Mutualidades (INAC) e adotaram o nome Instituto Nacional de Associativismo e Economia Social (INAES).

Seguiram-se algumas referências nacionais e internacionais que promovem o que chamam de Economia Social e Solidária, contando com o contágio da mudança de época com novos termos.

O Cooperativismo surgiu com força política no século XIX diante do capitalismo industrial com o lema de “Modificar as estruturas socioeconómicas do mundo por seus próprios meios”. Portanto, o Cooperativismo não é apenas economia, é política transformadora em ação.

Defendemos fortemente a autonomia do Cooperativismo, preservando a sua própria identidade e não sendo sobrepujado pelo termo “Economia Social”.

Superando a visão restrita do cooperativismo

Insistiremos em conceitos já disseminados, já publicados, reiterando-os, porque devemos ser persistentes em nossa luta cultural e política cooperativa.

Recentemente, em um Fórum Latino-Americano, tive a oportunidade de expressar os meus pensamentos sobre a visão geralmente estreita que existe em relação ao Cooperativismo, por meio de vários mecanismos. Portanto, vale a pena esclarecer o público adequadamente.

“Preservar a identidade do Cooperativismo significa defender os valores e princípios que o definem, como solidariedade, igualdade, democracia e equidade. Significa também agir de forma responsável e ética, e comprometer-se com a comunidade.” 
Visão geral criada por IA

O Cooperativismo é um sistema socioeconómico e um movimento social que promove a construção de um mundo baseado nos fundamentos transformadores de um método económico equitativo, proporcional e justo; isto é, promove a evolução da civilização humana.

As cooperativas são, em sua essência doutrinária, a expressão empresarial daquela almejada evolução civilizatória que supera o capitalismo exausto e violento.

Os governos, lutando para gerar políticas de desenvolvimento económico, recorreram a organizações cooperativas como programas sociais em resposta ao desastre do desemprego, distorcendo-as e deixando de dar a elas o respeito que essas nobres entidades merecem.

Rumo a um estágio mental superior

É necessário, antes de tudo, desmantelar a visão restrita do Cooperativismo, estudando e analisando sua concepção doutrinária e científica, para podermos compreender completamente esse movimento que nos levará a um patamar mais elevado de mentalidade civilizacional.

Essa abordagem inovadora, chamada de “cooperativismo científico”, propõe um afastamento da visão sustentada pelos totalmente ignorantes ou pelos reacionários maliciosamente antipopulares, como as políticas atuais do governo nacional argentino.

Nossa visão se baseia na aplicação de princípios científicos e económicos adaptados aos valores do Cooperativismo, reforçando sua essência política e promovendo o desenvolvimento de valor e a equivalência nas trocas económicas. Esses princípios não apenas melhoram a renda das pessoas desfavorecidas, mas também estimulam a formulação de ações políticas transformadoras que superem o capitalismo financeiro.

Em fraternidade, um abraço cooperativo!

About the Author

Jose Yorg
José Yorg é educador e docente técnico em Cooperativismo, membro da Rede de Investigadores Latinoamericanos de Economia Social e Solidária (RILESS), que envolve universidades da Argentina, Brasil, Equador e México. Este argentino nascido em Assunción (Paraguay) desenvolve actividades na Tecnicoop, na província de Formosa, onde é também perito judicial técnico em Cooperativismo no Superior Tribunal de Justiça.

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