No sentido contrário da retração do mercado financeiro de crédito no país irmão, as cooperativas de crédito no Brasil passam por um momento de ascenção. A tendência de já uma década é confirmada pela imprensa especializada, após a recente publicação de uma notícia na revista Veja.
“O aumento da concorrência e do uso da tecnologia vem levando os bancos a fechar as portas das agências, enquanto as cooperativas vêm ocupando o espaço e disputando a clientela”, diz o texto da notícia da edição nº 8 da VEJA Negócios.
A reportagem utiliza dados da OCB, e cita números das duas maiores redes cooperativas de crédito do Brasil, como a Sicoob, com sede em Brasília, que até Junho tinha 4.649 balcões em 2.400 municípios. A reportagem compara os números com o “gigante” Banco do Brasil, com 3.998 agências. Em cerca de 400 municípios, a Sicoob é a única instituição financeira disponível.
“Inauguramos 554 agências em 2022, mais 236 em 2023 e vamos inaugurar 168 neste ano”
Marco Aurélio Almada, presidente da Sicoob
A segunda maior rede de cooperativas de crédito, a Sicredi, mantém 2.800 balcões distribuídos por dois mil municípios, sobretudo no Sul do país.
Vitória jurídica e fiscal
As cooperativas têm ao seu favor competitivo a particularidade tributária. Enquanto os bancos comerciais pagam 25% de imposto de renda [equivalente ao IRC], mais 20% de contribuição social sobre lucro líquido (CSLL) e 4,65% de PIS/Cofins [equivalente às obrigações com ISS], as cooperativas estão isentas de IRC sobre o lucro desde 1971. A partir de 2005, o Estado reconheceu a isenção total de contribuição sobre o lucro, uma vez que foi reconhecido o estatuto das cooperativas como instituições “sem fins lucrativos”.
As cooperativas são, no entanto, ainda pouco representativas no total de empréstimos concedidos no país, em comparação com a banca comercial. Segundo dados do Banco Central do Brasil, as cooperativas acumulavam uma carteira de crédito da ordem de 383 biliões de reais [cerca de 60 mil milhões de euros], equivalente a 7,1% do total de empréstimos de todo o sistema financeiro.
Para Roberto Troster, ex-economista-chefe da Federação Brasileira de Bancos, citado pela Veja, “vários clientes ainda preferem o relacionamento pessoal, o chamado olho no olho”, a exemplo da realidade verificada em Portugal. [Foto: Sicoob/CidadeMG]