China vai fornecer máquinas agrícolas para camponeses do Nordeste do Brasil

Um consórcio entre governos dos estados do Nordeste brasileiro e duas entidades chinesas prevê a troca de conhecimentos e o fornecimento de máquinas agrícolas adequadas para a agricultura popular. Menos de 2% dos agricultores nordestinos usam máquinas profissionais.

Um acordo foi assinado na quinta-feira 8 de Setembro entre o Consórcio do Nordeste, representando nove estados daquela região brasileira, e as entidades chinesas B&R Instituto Internacional de Inovação de Equipamentos Agrícolas e Agricultura Inteligente.

Trata-se de uma plataforma de cooperação e inovação internacional sob a liderança da Universidade Agrícola da China e a Associação de Fabricantes de Máquinas Agrícolas daquele país asiático.

As negociações tiveram início durante a primeira Feira Nordestina da Agricultura Familiar e Economia Solidária do Consorcio Nordeste (Fenafes), realizada em Natal, no Rio Grande do Norte, em Junho, e teve a contribuição da Associação Internacional para a Cooperação Popular (AICP). 

Segundo dados de um censo agropecuário, apenas 12% dos camponeses brasileiros tem máquinas para ajudar em sua produção. O Nordeste possui números muito desiguais. Enquanto na região Sul 44% dos pequenos produtores possui máquinas agrícolas, no Nordeste apenas 1,5% conta com esse apoio. 

Intercâmbio e uma possível fábrica

Parte dessa pesquisa foi realizada pela AICP, instituição criada por movimentos populares da América Latina, África e Ásia para potencializar o intercâmbio tecnológico voltado para a agroecologia, combate à fome e melhoria das condições de vida da classe trabalhadora.

“A AICP facilitou a relação entre a Universidade Agrícola da China com duas instituições que têm muito conhecimento sobre a questão das máquinas agrícolas para agricultura camponesa. E fez a ponte com o Consórcio do Nordeste, representando os nove estados, que tem também esse interesse”, segundo Luiz Zarref, pesquisador da AICP, citado pelo Brasil de Facto.

Será levado a cabo um intercâmbio que envolve uma visita de pesquisadores e gestores públicos brasileiros para conhecer as fábricas e unidades de pesquisa na China, enquanto pesquisadores chineses virão conhecer mais sobre a agricultura camponesa do Nordeste.

O próximo passo será a aquisição e testes das máquinas por instituições de investigação brasileiras e cooperativas das organizações camponesas. Outra hipótese decorrente do protocolo é instalação de uma fábrica de máquinas para a agricultura no Nordeste.

A temática sempre foi abordada por movimentos populares ligados à Via Campesina, incluindo o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que apoiam muitas cooperativas agrícolas populares. (Fonte: Brasil de Facto)

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Marcelo de Andrade
Editor do Diário 560. Jornalista e Fotojornalista há 35 anos.

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