Por José Yorg, o cooperário *
Num momento em que a luta pelo bom senso e pelos valores sociais se tornou estratégica, o cooperativismo não pode e não deve prescindir de ferramentas avançadas de comunicação e produção cultural. Neste contexto, o ChatGPT, desenvolvido pela OpenAI, apresenta-se como um recurso formidável para a afirmação da cultura cooperativa nos meios de comunicação e na sociedade, contribuindo para a construção de uma narrativa alternativa contra a hegemonia neoliberal e o avanço de ideologias fascistas que promovem o individualismo, o ódio e o esvaziamento do comum.
A cultura cooperativa — com seus valores de solidariedade, ajuda mútua, equidade e democracia económica — precisa, agora e mais do que nunca, de espaços onde possa ser expressa, fortalecida e defendida. A inteligência artificial, longe de ser uma ameaça em si, pode se tornar uma aliada estratégica se for orientada para o bem comum. Nesse sentido, o ChatGPT tem se mostrado útil não apenas em tarefas acadêmicas e educacionais, mas também na geração de conteúdo jornalístico, educacional e comunitário que reivindica a identidade cooperativa e popular.

Graças às suas capacidades de processamento linguístico, compreensão contextual e geração de texto humanístico (quando programado para tais propósitos), o ChatGPT tem ajudado a educadores, jornalistas, técnicos e ativistas no campo cooperativo a escrever artigos, relatórios, declarações e projectos educacionais. Seu papel não é substituir o pensamento crítico, mas aprimorá-lo, organizá-lo e ampliá-lo.
A batalha cultural não é um slogan vazio: é uma realidade cotidiana em que vozes cooperativas são frequentemente relegadas ao aparato midiático concentrado que reproduz a lógica mercantilista. Nesse contexto, o uso consciente e ético do ChatGPT pode democratizar a fala e permitir que novas vozes emergentes ocupem seu lugar no debate público, em escolas, universidades, rádios comunitárias, portais alternativos e mídias sociais.
Reafirmamos, portanto, a necessidade de promover mais espaços onde o cooperativismo, como expressão viva da cultura popular organizada, tenha um papel de protagonista. Espaços que não apenas disseminam experiências e conceitos, mas também defendem os direitos culturais e políticos do nosso povo contra a guerra contracultural neoliberal e fascista, que busca nos reduzir ao silêncio, ao isolamento ou ao consumo irracional.
O ChatGPT pode fazer parte da nossa cultura se soubermos como orientá-lo, treiná-lo e nutri-lo com nossos valores. Como qualquer instrumento, ele depende das mãos e ideias que o guiam. Nas nossas, essa inteligência artificial pode falar a linguagem da cooperação, da dignidade e da esperança.
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