Plano inclui confisco de 50% de terras desmatadas ilegalmente
O presidente brasileiro Lula da Silva apresentou o seu plano para acabar com o desmatamento na Amazônia até 2030. Junto com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, ele fez o anúncio como parte das iniciativas do governo para combater as mudanças climáticas.
O governo brasileiro promete criar três milhões de hectares de novas reservas naturais e confiscar terras de proprietários que desmatam. Para isso, o governo conta agora com um plano específico contra o desmatamento na Amazônia, simbolicamente apresentado no Dia Mundial do Meio Ambiente. A região amazônica brasileira perdeu 10.267 km² em 2022, aponta estudo do INPE.
O plano apresentado visa atingir o desmatamento zero em sete anos e para isso traça 194 linhas de ação. Entre outras medidas, inclui a proteção de 230 mil quilômetros de margens de rios. O governo também quer confiscar 50% das terras desmatadas ilegalmente, aumentar o número de bases estratégicas, delegacias e aeronaves da Polícia Federal e das Forças Armadas na Amazônia, criar alertas diários de desmatamento e contratar 1.600 analistas ambientais até 2027.
“Devido principalmente à floresta amazônica, o Brasil é o grande responsável pelo equilíbrio climático global”, disse o presidente. “Portanto, travar o desmatamento na Amazônia também é uma forma de reduzir o aumento da temperatura global. Estou ciente do desafio de acabar com o desmatamento até 2030, mas esse é um desafio que estamos determinados a enfrentar.
Um ano do assassinato de indigenista e jornalista britânico
O anúncio de Lula da Silva ocorreu na mesma altura em que familiares e amigos do indigenista brasileiro Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips evocavam o aniversário de suas mortes. Pereira e Phillips morreram em Junho de 2022, quando foram baleados em uma área remota da Amazônia brasileira, enquanto investigavam as ameaças enfrentadas pela floresta tropical e as tribos indígenas isoladas que a habitam.
Vários suspeitos das suas mortes permanecem na prisão aguardando julgamento, incluisivamente o suposto mentor, que se acredita ser o líder de uma organização criminosa de pesca ilegal que opera na região.
A viúva de Dom Phillips, Alessandra Sampaio, disse que “recebemos ameaças de morte por cartas e por telefone. Quando isso vai acabar? Quando isso vai acabar? A morte de Dom e Bruno não foi suficiente? Estamos em um ponto em que não podemos mais ignorar a violência que persegue a Amazônia. É extremamente importante que estejamos mais vigilantes”.
O programa apresentado pelo presidente Lula não visa apenas reprimir os crimes ambientais, mas também oferecer uma alternativa económica aos milhões de brasileiros que vivem na Amazônia por meio do fomento à bioeconomia, ao turismo sustentável e à agricultura familiar.
(Fonte: Pressenza São Paulo; Foto: Greenpeace)
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