O que o 11 de setembro chileno tem a ver com o Brasil de 2020

Onze de setembro é dia de lembrar dos 37 anos do golpe militar no Chile, perpetrado pelo general Augusto Pinochet e apoiado pelo governo dos Estados Unidos.

O presidente socialista Salvador Allende, democraticamente eleito, em 1970, morreu, após o Palácio de la Moneda, em Santiago, ser bombardeado por aviões norte americanos.

Artistas, professores, políticos, ativistas e demais pessoas foram perseguidas, presas, torturadas e mortas durante as mais de três décadas de ditadura militar.

Entre eles, o músico e ativista Victor Jara, que teve as mãos – seu instrumento de trabalho – quebradas durante as sessões de tortura, antes de ser fuzilado no Estádio Nacional, que após a redemocratização do país, seria rebatizado com o seu nome.

A política económica ultraliberal, implementada por Pinochet, tinha entre os seus economistas, um certo jovem brasileiro, egresso da Escola de Chicago, chamado Paulo Guedes [actua ministro da Economia].

Em 2018, a elite brasileira, sempre saudosa dos tempos autoritários e temente de qualquer resquício de igualdade social possível, lançou o seu candidato. A maioria da população, iludida, deseducada, esquecida, ou mal intencionada, elegeu para a Presidência da República um sujeito mau, perverso, vil, ignóbil, inculto, violento, misógino, racista, homofóbico e demais adjetivos cabíveis a um ser humano incapaz de qualquer traço de empatia, amor, ternura, compaixão.

Poderíamos ter aprendido com os exemplos recentes chileno, argentino, uruguaio… brasileiro! Mas não. Hoje, vivemos o autoritarismo económico, político e cultural bolsonarista. “Bolsonaro não precisa dar o golpe. Ele é o golpe”, disse [a historiadora e antropóloga] Lilia Schwarcz, em recente entrevista. Triste, trágicos e difíceis tempos.

Por Pedro Barreto (Agência Pressenza)

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Diário 560
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