“Todo sistema económico desempenha um papel pedagógico, pois opera como um dispositivo ideológico que molda a subjetividade dos cidadãos, orientando suas formas de agir e interpretar a realidade. Todo sistema económico é, inevitavelmente, um sistema de pedagogia social.”
Julio Olivera (1973)
Por José Yorg, o cooperário
O chamado Grande Reinício é nada menos que a evidência mais clara até o momento de um sistema capitalista em declínio, que busca se reinventar para preservar seu domínio global. Jaime Villamuera, em seu artigo “O que é o Grande Reinício?”, explica que esta iniciativa do Fórum Económico Mundial (FEM) visa “transformar o modelo económico” e “reconstruir a economia global de forma sustentável”. No entanto, como o próprio autor alerta, o plano “apresenta certa ambiguidade em suas propostas específicas de política económica”.

Essa ambiguidade não é coincidência. É a forma que o poder assume quando precisa realinhar sua hegemonia sem perder o controle.
O que estamos testemunhando hoje — e o que estamos vivenciando em primeira mão — é um declínio estrutural do edifício capitalista: o enfraquecimento da democracia, a erosão da ordem jurídica global, o crescimento da pobreza, da insegurança e da precariedade existencial.
Como já expressamos em outro lugar, “podemos discordar em muitos aspectos da análise da civilização actual, mas um facto está mais do que comprovado: a batalha contracultural desencadeada pelos novos representantes do capital global”. É uma luta pela alma da humanidade, pela consciência coletiva, pelo próprio senso de comunidade.
O capitalismo, em sua longa história, passou por três fases: comercial, industrial e financeira. Todas elas se esgotaram. Hoje, o sistema busca um “reset” que lhe permita prolongar sua existência sem alterar sua lógica de acumulação e exclusão. Daí sua insistência em um novo começo para o capitalismo, como se fosse uma purificação técnica, quando na realidade é uma manobra de sobrevivência ideológica.
Cooperativismo como alvorecer de uma nova civilização
Diante desse crepúsculo do capitalismo, surge o amanhecer do Cooperativismo.
Não como uma simples reacção, mas como um projecto histórico alternativo, portador de uma nova pedagogia social, baseada na cooperação, na equidade, na participação e na justiça económica.
O cooperativismo encarna uma racionalidade diferente, profundamente humana, que não busca reconfigurar o capitalismo, mas sim superá-lo na consciência e na prática. É a expressão concreta de uma ética solidária que propõe um novo modo de produção e convivência social.
Hoje, mais do que nunca, é urgente reconhecer que não precisamos de uma “reinicialização capitalista”, mas sim de uma reconstrução cooperativa da sociedade. Já chega desse modelo que promete prosperidade e gera desigualdade. Basta!
O tempo histórico exige outro horizonte, e esse horizonte tem um nome: Cooperativismo.
Em fraternidade, um abraço cooperativo!

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