O Sistema Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social (BNDES) firmaram há uma semana um novo acordo de cooperação. A parceria tem como objectivo ampliar o acesso das cooperativas brasileiras às linhas de financiamento e às soluções digitais do banco, além de fomentar iniciativas que promovam inovação, sustentabilidade e inclusão socioeconómica.
Assinaram o documento, com vigência de cinco anos, o presidente do BNDES Aloízio Mercadante e o presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas, durante a abertura do seminário “O impacto do cooperativismo no desenvolvimento do Brasil e o apoio do BNDES”, realizado no Rio de Janeiro, na sede do banco. O evento reuniu lideranças do sector cooperativista, representantes do governo e especialistas em desenvolvimento económico.
A iniciativa prevê acções coordenadas de formação, promoção institucional, intercâmbio de informações e desenvolvimento de projectos conjuntos, com foco no estímulo à produtividade, sustentabilidade e competitividade das cooperativas, em todos os oito ramos de actividades do movimento no Brasil.
O presidente do BNDES, Aloízio Mercadante, afirmou que a parceria reconhece o papel estratégico do modelo de negócios no país. “As cooperativas representam quase 30% da carteira de crédito do BNDES“. De acordo com Mercadante, o banco já realizou mais de 260 mil operações de crédito com cooperativas, totalizando 37,4 bilhões de reais (cerca de 5,6 mil milhões de euros) em financiamentos, com foco especial em micro e pequenas empresas.
“Das três maiores instituições repassadoras de crédito do BNDES, duas são cooperativas. O cooperativismo é uma força económica e social decisiva. São 550 mil empregos diretos, 692 bilhões de reais (103,5 mil milhões de euros) em facturamento anual, e o mais importante: uma capilaridade que chega onde os grandes bancos não chegam mais”, enfatizou o presidente do BNDES.
Mercadante recordou que o BNDES lançou recentemente o Procap Crédito, com 2 bilhões de reais (cerca de 300 milhões de euros) disponíveis e criando condições especiais para as regiões Norte e Nordeste. “O cooperativismo nasceu forte no Sul, com influência europeia, e avançou para o Centro-Oeste. Agora, nosso desafio é expandi-lo para o Norte e Nordeste”, acrescentou.
Márcio Lopes, presidente do Sistema OCB, ressaltou que a parceria reflecte o reconhecimento do cooperativismo como um instrumento de transformação económica e social. “Com parceiros estratégicos como o BNDES, conseguimos chegar mais longe, promover ainda mais inclusão social, produtiva e económica com base em princípios democráticos e participativos”, destacou.
Entre as ações previstas no acordo estão a divulgação contínua das políticas operacionais e plataformas digitais do BNDES, bem como a realização de eventos e seminários voltados ao público cooperativista. A capacitação de colaboradores indicados pelo Sistema OCB para actuar como multiplicadores das soluções do banco também é uma das frentes prioritárias.
A relação entre o BNDES e o cooperativismo brasileiro vem de longa data. Desde a década de 90, o banco actua por meio do repasse de recursos às instituições financeiras cooperativas. Além disso, tem apoiado financeiramente projectos de coops de produção que geram impacto direto em sectores como agropecuária, energia, saúde, educação, infraestrutura e tecnologia.
“O acordo também abre caminhos para que as cooperativas acessem oportunidades que, antes, eram restritas a outros perfis de empreendimentos, com promoção de equidade no acesso ao crédito e à inovação”, disse Márcio Lopes, acrescentando que “com o apoio técnico e financeiro do BNDES, temos a chance de ampliar ainda mais nossa contribuição para o desenvolvimento regional, sustentável e humano do Brasil”.