
De boleia no Dia Internacional das Cooperativas, a União de Cooperativas de Produtores de Leite (Agros) celebrou os seus 75 anos de acitividades no passado sábado 6 de Julho, a “abrilhantar” o movimento cooperativo nacional.
Numa cerimónia decorrida na sua sede, na Póvoa de Varzim, até o presidente da República agradeceu, em mensagem de vídeo, o historial de serviços da Agros. Marcelo Rebelo de Sousa prometeu oferecer à Agros o reconhecimento pelo Estado Português dos 75 anos ao serviço da Agricultura do país.
“75 anos é muita história, é muita gente, é muito território, é muita vida, mas é também muita responsabilidade que não negamos, nem fugimos.”
Idalino Leão, presidente da Agros
Já Idalino Leão, presidente da Agros mas também da Confederação das Cooperativas Agrícolas e de Crédito Agrícola (Confagri), aproveitou o seu discurso para endereçar algumas críticas, na presença do primeiro-ministro Luís Montenegro.
Reptos ao governo
Começou por alertar que poderá ser impossível contrariar o “maior falhanço da PAC”, relativamente ao problema da renovação geracional do sector agrícola, enquanto aludiu ao governo para que ajudasse a acabar com a iliteracia no sector, particularmente o sector leiteiro.
Idalino Leão recordou ainda a necessidade de se contrariar a ideia de que a produção agrícola é prejudicial ao ambiente, e voltou a declamar o seu aforismo de que “os agricultores não são menos do que os primeiros ambientalistas.”
Para não deixar passar a recente aprovação da Lei do Restauro da Natureza, que fez crescer um conflito entre Agricultura e Meio Ambiente, Idalino Leão não escondeu o seu desagrado com o que pensa ser uma “má lei” com um “bonito nome”.

O presidente da Agros falou na proximidade com as pessoas, proporcionada pela actividade agrícola, enquanto factor preponderante para a coesão territorial, o que defende ser difícil sem as Direções Regionais, ponto que tem vindo a insistir desde que o governo tomou posse.
Montenegro diz ser estratégico o sector primário
O primeiro-ministro Luís Montenegro, por sua vez, assegurou que não compactuará com um conjunto de regras que encarecem o produto e levam ao absurdo de não se conseguir dar futuro e rentabilidade aos agricultores portugueses.
Afirmou que está a trabalhar para que a Europa seja menos “papista que o Papa” no que toca a encargos, restrições, burocracias e parâmetros da Política Agrícola Comum. Luís Montenegro confessou ter ficado “chocado” por o problema da hostilidade ao sector, referido por Idalino Leão “ainda” acontecer na nossa sociedade.
Assegurou “estar com os agricultores, com os produtores e com os jovens”, e a trabalhar para retirar os entraves que têm sido criados aos agricultores, ao valor da agricultura e ao sector agroalimentar. Reforçou, por fim, que para o governo actual, o sector primário se afigura como estratégico, e que as pastas do Ambiente e da Agricultura caminham de mãos dadas.
“Um dia de festa que assinala a valorização de um modelo de negócio centrado nas pessoas, inspirado na ética, na coo-responsabilização, na democracia, na equidade e na solidariedade.”
Julieta Sanches, presidente da direção da ConfeCoop
Os 75 anos da Agros
Sobre a efeméride de brilhante, o presidente da Agros revelou que esta organização é composta por 44 cooperativas dos cinco distritos do Norte do país, somando 65 mil agricultores como associados, gerando mais de 2 mil postos de trabalho directos e produzindo um volume de negócios de 840 milhões de euros. Ao demonstrar em número que Agros é economia, o presidente manifestou o seu desejo de que esta seja, igualmente, educação.

Cooperativismo
Na sua última nota, Idalino Leão destacou que o cooperativismo merece, precisa e exige fazer parte deste mesmo futuro, quanto mais não seja por continuar a fazer cumprir o seu papel social e económico em áreas do país a que o Estado já não dá resposta.
Em entrevista ao Jornal de Notícias, poucos dias depois, Idalino Leão declarou que o cooperativismo “não é um modelo do passado” e que tem um papel determinante não só na economia, como na criação de emprego, fixação de população nos territórios e turismo.
O líder da confederação defende que deve garantir-se a criação de medidas específicas para a capacitação institucional das cooperativas, quer em matéria de recursos humanos e de infraestruturas, quer em ganhos de escala.
Julieta Sanches, presidente da direção da Confederação Cooperativa Portuguesa (ConfeCoop), deu continuidade à enfatização da importância e reconhecimento merecidos pelo cooperativismo, demonstrando a sua gratidão e apreço por este modelo de negócio que dá primazia à reforma social.
(Fonte e imagens: Confagri)