Conferência sobre trabalho e crise envolve Cooperativa de luta operária na Itália

A cidade italiana de Florença será a anfitriã da conferência “Laços Reconectados: Trabalho entre saúde, meio ambiente e participação em tempos de crise”, que tem lugar no sábado 23 de Novembro, na Piazza Stazione 4. Um dos painéis terá a intervenção da cooperativa operária GFF [Leia reportagem abaixo].

O evento é promovido pela Medicina Democrata e Democratizing Work Italia, e conta com representantes da Comissão de Saúde e Segurança no Trabalho do Senado italiano, da Universidade de Nápoles, da Scuola Normale Superiore de Florença e da investigadora brasileira Flávia Máximo, da Universidade Federal de Ouro Preto, no Brasil. [Leia o conteúdo completo do evento na Pressenza]

Trabalhadores de Florença na berlinda

A escolha da cidade para sede do encontro não é aleatória: Florença tem estado em evidência pela negativa, em gestão desordenada da construção civil, corrupção no urbanismo e precarização extrema dos trabalhadores (com imigração ilegal à mistura).

Exemplo disso verificou-se em Fevereiro deste ano, com a derrocada de um edifício em construção, quando nem as empresas nem os autarcas responsabilizaram-se pela morte de vários trabalhadores, e a experiência particular e “histórica” ​​de luta contra o desemprego dos trabalhadores fabris, que têm vindo a criar colectivos e cooperativas, com o apoio massivo da própria comunidade envolvente.

Cooperativa GFF luta para salvar fábrica

Há já três anos foi criada a Cooperativa de trabalho GFF (GKN For Future) por trabalhadores da antiga fábrica da GKN em Campi Bisenzio, Florença. Após uma polémica venda a um grupo britânico, o plano inicial dos proprietários era o desinvestimento gradual, com deslocações de instalações, o encerramento da produção e despedimentos colectivos.

A cooperativa, fruto da contínua mobilização de diversos colectivos organizados em assembleias de trabalhadores, propôs um plano de reinvestimento de 11 milhões de euros, estatização parcial, contratação de dezenas de novos trabalhadores, para a produção de painéis solares de última geração e bicicletas eléctricas de carga.

O esforço dos trabalhadores cooperados, apoiados pela Representação Sindical Unitária (RSU), têm no entanto revelado uma “mirabolante” trama, que envolve um despedimento atabalhoado (a partir de um abrupto e-mail do novo proprietário), a intervenção da câmara municipal, contra-informação, acusações de corrupção, e intermináveis processos em tribunal.

Nas últimas semanas, veio ainda à tona a revelação de que fundos imobiliários, na verdade directamente ligados ao antigo proprietário, estão por trás do negócio especulativo.

(Fontes: Cooperativa GFF, Altra Economia Coop e Pressenza Itália)

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Marcelo de Andrade
Editor do Diário 560. Jornalista e Fotojornalista há 35 anos.