Voluntariado VS Cooperativismo

Por Tiago Veloso *

Depois de um período de pausa, vou então começar a dar resposta aos desafios que me foram lançados para as minhas reflexões sobre a Economia Social e mais propriamente sobre as cooperativas e o Cooperativismo.

Mais uma vez relembro todos os meus leitores (aqueles 2 ou 3 que me leem mais atentamente) que estes artigos, são artigos de opinião que têm por base algum conhecimento científico mas acima de tudo têm uma forte componente opinativa e de saber de experiência feito adquirida ao longo dos anos que vou trabalhando e “estando” neste sector da economia.

Começo por responder ao primeiro desafio, lançado pelo Carlos Sousa, amigo com quem partilho o “portismo” e outros amores.

“O Espírito do Voluntário
e o Espírito Cooperativo,
onde começa um e acaba outro?”

Apesar de refugiarem sob o mesmo chapéu, a economia social, o voluntariado e o cooperativismo nada têm que haver. Quando falamos na génese dos conceitos e no seu propósito, contudo podemos sempre acreditar que quem tem um “espírito cooperativista” mais facilmente poderá ter um “espírito voluntário” e vice-versa, pelo menos gosto de acreditar que sim.

O cooperativismo aparece-nos como forma de resolver problemas, nomeadamente de índole económica, de trabalho e ou financeira. Ou seja, acredito que o cooperativismo é uma forma alternativa e mais justa/ética de desenvolvimento económico das pessoas/povos. Cumprindo os princípios cooperativos temos na realidade uma empresa ética, uma entidade que se propõe a criar valor, mas de uma forma mais justa para todos os intervenientes.

Ao invés, o voluntariado não é uma forma de gerar valor, é sim uma forma de ajudar/contribuir para um qualquer processo, seja ele económico ou não. É uma forma que temos de disponibilizar o nosso tempo/trabalho para contribuir para um fim comum, em geral que contribua para a satisfação de necessidades, do próprio e/ou de terceiros.

Um/a cooperativista, em teoria, não concorda com o voluntariado, não é que não o pratique, mas acredita que o trabalho, deve ser alvo de um “pagamento” seja ele de que forma for. E com isso gerar excedentes de forma a poder melhorar a situação da cooperativa e por conseguinte a sua, tentando não depender de trabalho voluntário.

Não obstante, se falarmos em “espírito” voluntarioso, já temos aqui um laço mais estreito. Um cooperativista sem dúvida que tem de ser voluntarioso, tem de estar pronto a “chegar-se à frente”, pronto para se voluntariar para as tarefas e desafios em questão. A ser um dos que trabalha, um dos que faz, um dos que cria e dos que “pedala”. Neste ponto o cooperativismo e o voluntariado andam claramente de mãos dadas, ambos têm de ser pró-activos e procuram a mesma coisa, resolver problemas!

Como posso concluir, apesar de separados, em “espírito” o cooperativismo e o voluntariado estão juntos, sendo que legalmente/operacionalmente é fácil de definir quando um começa e o outro acaba, existe mesmo lei específica para o efeito, mas do ponto de vista “espiritual” é mais complicado de o fazer, visto que quem tem mais propensão para “andar” pelo sector social facilmente irá estar próximo dos dois conceitos.

Espero ter correspondido a este desafio com sucesso! Obrigado Carlos por me teres posto a pensar!

About the Author

Tiago Veloso
Mestre em Gestão e Regime Jurídico-Empresarial da Economia Social, no ISCAP Porto. Licenciado em Desporto e Educação Física pela FADEUP da UPorto, tendo realizado o quarto ano na Université Victor de Segalen Bordeaux II – França, é ainda Presidente do Conselho de Administração da Cooperativa de Solidariedade Social Múltipla Escolha, CRL.

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