Por Paulo Jorge Teixeira *
Estamos num tempo em que a voragem do andar em frente e no caminho de um certo futuro quase que parece que não deixa a ninguém alternativas e opções.
Fala-se muito em digitalização, simplificação, e sobretudo em sermos cada vez mais peças de um futuro, feito de zeros e uns, e sem lugar à diferença e à individualidade.
Não digo individualismo porque isso é a receita que esse futuro nos propõe.
Então que caminhos que se nos deparam como alternativas e como visões de um futuro feito por pessoas e para pessoas?
Em primeiro lugar, a liberdade de pensar, e pensar cada um de nós do modo que a sua razão e intuição lhe diz para fazer.
A seguir devemos repensar o urbano, não como o futuro, mas sim como uma das vias.
Ter a capacidade de encontrar no regresso aos campos, a recuperação das memórias, um novo ponto de partida e de solução.
Não temos que querer viver num ambiente urbano, em que somos números e que somos continuadamente despersonalizados na nossa essência e nos nossos direitos naturais.
Defender e pugnar pela sociedade de homens e mulheres livres, é hoje tão radical como foram muitas das conquistas novecentistas de direitos e liberdades hoje tidas como fundamentais.
Olhar para a escola não como agente de transformação social, mas como espaço de aprendizagem e construção da cidadania. Recusar que as sociedades se pautem por critérios económicos, e de submissão aos ditames de lutas de classe e da deformação do poder do dinheiro.
Precisamos hoje de uma nova carta de alforria, pois muitas das lutas que tivemos e dos direitos conquistados, são hoje atropeladas por uma comunicação social ao serviço dos de sempre e por agentes de destruição massiva da nossa humanidade que pretensamente usam uma agenda desumana e progressista para nos conduzir de novo ao ralo e ao esgoto.
As pessoas hoje têm de dispor de tempo, esse desafio maior, ter tempo, para poderem reconstruir a sua liberdade e a sua forma de viver.
E essa humanidade só pode ser enquadrada num mundo em que se ponham em causa os paradigmas do mundo moderno. A cultura do prazer, a destruição da individualidade reduzindo o humano a mero número e sem essência de saber o que é, mas e sobretudo a construção em que o mundo recuse as principais doutrinas políticas que temos.
Estas hoje são agentes mais fortes do que são as armas de destruição massiva, ainda recentemente a proposta entrada no parlamento que reduz as nossas crianças a uma objetivação ignóbil, recusando-lhes os direitos básicos, de ser, por troca de uma destruição de ser o que é, mostra bem o caminho desses agentes.
Recusar essa via que retira a família do centro do que é a sociedade, parece-nos ser causa pela qual se deve lutar.
Nem os piores ditadores ousaram ir tão longe e fazer tanta engenharia social.
Temos de recuperar a nossa Humanidade e já antes que seja tarde.
(Imagem: “The Crowd”, Robert Demachy, 1910)
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