“Poder é a capacidade de atingir objetivos. Poder é a capacidade de mudar as coisas.”
Martin Luther King
“Você pode não ser responsável pela situação em que se encontra, mas será se não fizer nada para mudá-la.”
Martin Luther King
“Nada é permanente, exceto a mudança. “A permanência é uma ilusão dos sentidos.”
Heráclito
Por José Yorg, o cooperário *
Nós, cooperadores, observamos o mundo e especialmente a Argentina atual a partir da concepção doutrinária que os valores e princípios cooperativos implicam, a partir desses componentes avaliativos julgamos os acontecimentos socio económicos e políticos em formação. É a nossa abordagem cooperativa e não gostamos em absoluto o que vemos.
O mesmo olhar que os Pioneiros Probos de Rochdale tinham para o mundo do século XIX na era da Revolução Industrial, sobre os efeitos negativos que poderiam ser evitados mas não havia vontade política para o fazer, julgavam que o modo de vida imposto pelo sistema fabril era negativo para a classe trabalhadora, e por isso eles buscaram e encontraram na cooperação organizada o que era mais conveniente para suas vidas.
Julgavam o regime fabril não a partir de qualquer lugar ou de ideias espontâneas ou ocasionais, julgavam a partir de ideais socialistas e as suas conclusões eram contrárias ao capitalismo industrial.
Uma era incipiente mas vigorosa de resistência social contra um governo que pretende governar por decreto
Seguindo Paul Lambert no seu livro “A Doutrina Cooperativa”, afirmamos “A ciência explica o que é real, a doutrina julga e propõe várias mudanças para melhorar o que é real”. A ciência, então, nos explica, a partir do campo das ciências sociais e políticas, as razões e porque os eventos ocorrem e as cadeias de tais eventos, que movem diversas sociedades em seu desenvolvimento.
O dado indicativo das sociedades é o conflito económico, social e político por um lado, daqueles que preservam os seus privilégios e, por outro lado, daqueles que são agredidos, através de decisões políticas públicas.
Sem dúvida, podemos situar este actual conflito social e político na sociedade argentina numa fase caracterizada pelo crescimento de medidas políticas públicas ortodoxas e neoliberais impostas a um povo em grande parte empobrecido.
A questão é: como esperam que, com estas medidas brutais que violam a Constituição, não estimulem o desenvolvimento de um agitado mal estar entre o povo?
Tempo de resistência política
Este é o atual contexto argentino: vive uma era incipiente mas vigorosa de resistência social contra um governo que pretende governar por decreto, quase esquecendo a função do Congresso Nacional.
Este movimento de resistência política em plena construção expressa-se nas ruas, nos percursos, nos edifícios públicos e onde quer que seja ouvido com cantos, palavras de ordem e batidas de tachos e panelas.
Acrescentamos a/o leitor/a que a categoria política “Resistência” advém da cultura política peronista: “A resistência peronista é o nome dado na Argentina a um período de dezoito anos na história do peronismo e a um movimento de resistência contra as ditaduras e governos civis instalados a partir do golpe de Estado de setembro de 1955 – que derrubou o governo constitucional de Juan Domingo Perón – e até 25 de maio de 1973, data em que assumiram o governo Héctor José Cámpora e depois Perón.”
“A Resistência Peronista constituiu a reação justificada de um setor considerável do povo argentino à tentativa de Aramburu e Rojas (soldados golpistas) de extirpar a ideologia que penetrou profundamente nos sentimentos dos setores populares”.
Portanto, de forma alguma o atual contexto argentino é propício ao Cooperativismo. Uma parte substancial do movimento cooperativo organizado manifestou-se contra o Decreto de Necessidade e Urgência (DNU), aliás, declarou-se em alerta e em mobilização. A TecniCoop aderiu a essa declaração.
O documento do “Encontro de Economia dos Trabalhadores” [em 16 de dezembro de 2023] apela à unidade do sector autogerido para enfrentar este modelo, juntamente com o resto do sector cooperativo e mutualista, as organizações da economia popular, do movimento operário e os seus sindicatos e colectividades [quase 100 subscritores].
Acontece que essas centenas de cooperativas, federações, organizações e expressões académicas entendem que as medidas do governo Milei, através do DNU, atacam a classe trabalhadora e o nobre movimento cooperativo.
Em fraternidade, um abraço cooperativo!
(Fotos: Ansol)
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