“Se o Chile foi o berço do neoliberalismo na América Latina, também será o seu túmulo”

O candidato esquerdista Gabriel Boric, de 35 anos, se tornou neste domingo o presidente mais jovem da história do Chile, um país com grandes desigualdades sociais que o líder, considerado um “millennial” quer resolver com um Estado de bem-estar social.

O ex-líder estudantil foi eleito ao derrotar o advogado de extrema-direita José Antonio Kast, de 55 anos, com mais de 11 pontos percentuais de diferença. A vitória de Boric foi reconhecida por Kast e pelo presidente cessante, o conservador Sebastián Piñera.

Um dos primeiros a felicitá-lo foi o ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, que celebrou a vitória de outro “progressista” na América Latina. “Estou feliz pela vitória de um candidato democrático e progressista na nossa América Latina”, afirmou.

O presidente do Peru, Pedro Castillo, disse que a vitória de Boric “é a do povo chileno”. Castillo, que assumiu a presidência em julho passado, representa o partido marxista Peru Libre, e acrescentou que este é um triunfo partilhado pelos “povos latino-americanos”.

Já o presidente argentino Alberto Fernández felicitou via telefone o novo presidente chileno, dizendo-lhe que estava “muito feliz” e que continenente precisa que “trabalhemos juntos”.

Luis Arce, presidente da Bolívia, juntou-se à lista de líderes de esquerda que expressaram a sua satisfação com a eleição de Boric e considerou que esta vitória “fortalece a democracia latino-americana”.

“Saúdo o povo de Salvador Allende e Víctor Jara pela sua estrondosa vitória sobre o fascismo”, escreveu no Twitter o presidente venezuelano, Nicolás Maduro.

Durante os quase sete meses de campanha, Boric partiu de um discurso de menino rebelde, que liderou os protestos estudantis de 2011, exigindo “educação pública, gratuita e de qualidade” para o de um social-democrata.

Boric nasceu na cidade austral Punta Arenas em uma família de classe média de bisavós croatas e catalães. Ele é o mais velho de três irmãos e mudou para Santiago para estudar Direito na Universidade do Chile, embora não se tenha licenciado.

“Nossa geração irrompeu na política em 2011, livrando-se um pouco dos medos que a ditadura havia gerado e dos pactos da transição”, disse em entrevista à AFP antes do primeiro turno.

Boric se referia à Concertación, coalizão de centro-esquerda que, desde 1990, governou boa parte dos 31 anos de democracia mas que hoje encontra-se desintegrada, como reflexo da crise de confiança institucional, mas que no segundo turno o apoiou. (Fonte: agências AFP e EPA)

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Marcelo de Andrade
Editor do Diário 560. Jornalista e Fotojornalista há 35 anos.

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