Expansão do bloco BRICS será tema principal da cimeira em Joanesburgo

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, reconheceu esta semana que no seio do bloco existem diferenças de nuances sobre a forma como o processo de alargamento deve decorrer. Índia e Brasil poderão estar contra o alargamento do bloco defendido pela China.

“A questão da expansão dos BRICS está no topo da agenda, incluindo na próxima cimeira”, disse Peskov a Bloomsberg: “Vemos que cada vez mais países estão a fazer declarações sobre as suas intenções de se juntarem a este grupo”.

Joanesburgo, a mais populosa cidade sul-africana, acolherá a próxima cimeira dos BRICS, entre 22 e 24 de Agosto, e não contará com a presença do chefe de Estado russo, Vladimir Putin.

O presidente russo tem um mandado de captura internacional emitido pelo Tribunal Penal Internacional por alegados crimes de guerra, relacionados com a invasão da Ucrânia pela Rússia.

Pérolas da América Latina

Um total de 19 países manifestaram interesse claro em ingressar no grupo, com decisão prevista para esta 15ª cimeira. Brasil, Rússia e China apoiam sobretudo a candidatura da Venezuela, enquanto o grupo trabalha para aumentar sua influência na América Latina, a par com a Bolívia.

O principal ativo da Venezuela a oferecer é o petróleo, pois detém as maiores reservas comprovadas de petróleo do mundo. A aliança BRICS controla atualmente 8,7% das reservas mundiais de petróleo. O número aumentaria para 26,2% se a Venezuela aderir.

No entanto, o estado atual da indústria petrolífera venezuelana é preocupante, tendo entrado em colapso devido à corrupção e má administração, queda nos preços do petróleo e sanções impostas pelos EUA.

A Bolívia, por sua vez, anunciou na semana passada que estava a trabalhar para concluir mais de suas transações financeiras em yuan chinês. A China e a Rússia intensificaram os investimentos para desenvolver os enormes recursos de lítio da Bolívia, incluindo acordos com duas empresas chinesas e uma russa no valor equivalente total de 2,55 mil milhões de euros, assinados este ano.

India reticente na visão “contra o dólar”

A Índia está preocupada com a intenção da China de moldar a evolução dos BRICS em um fórum geopolítico não ocidental para expandir sua esfera de influência, nomeadamente contra o G-7.

Esses objectivos podem incluir a adoção de uma moeda comum do BRICS para o comércio entre os seus membros. Nova Déli pretende, por sua vez, manter a relação com o Diálogo Quadrilateral de Segurança (QUAD), grupo estratégico de segurança entre Austrália, Índia, Japão e Estados Unidos.

A lógica estratégica da Índia identifica uma Ásia Multipolar e um Mundo Multipolar. No entanto, é importante perceber que as divergências entre a Índia e a China nem sempre ofuscam as perspectivas e os interesses mais amplos do grupo.

Países como Arábia Saudita, Irão, Egito, Bangladesh, Argentina e Indonésia também declararam seu interesse em ingressar no BRICS.

(Fonte: Agencia Europa, The Diplomat e Reuters)

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Conteúdos apurados pela Redacção do Diário 560, com auxílio de colaboradores e agências.

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