Redução dos apoios aos agricultores é considerada “duro golpe” pela Confagri

O anúncio do Ministério da Agricultura de uma redução do valor da ajuda nos Ecorregimes Agricultura Biológica e Produção Integrada de 35% e 25%, respectivamente, é para a Confederação das Cooperativas Agrícolas e de Crédito Agrícola (Confagri) “um duro golpe no rendimento dos agricultores e pode colocar em causa a subsistência de muitas explorações, nomeadamente, das que se estão a adaptar a práticas agrícolas mais sustentáveis.”

Para a instituição, as informações veiculadas pelo Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas (IFAP) e as sucessivas alterações ao calendário de pagamentos dos apoios previstos no Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC), que demorou mais de dois anos a ser elaborado, “mostram o distanciamento entre o Ministério e os Agricultores.”

Em nota divulgada esta semana, a Confagri esclarece que, pelos mesmos motivos, a maioria das medidas de gestão ambiental e climática e os programas de ação em áreas sensíveis viram os respectivos pagamentos ser adiados, e inviabilizadas novas candidaturas para os agricultores em 2024.

Idalino Leão, da Confagri

Idalino Leão, presidente da Confagri, afirma que com esta imprevisibilidade dos apoios “não é possível assegurar a vitalidade das zonas rurais nem esperar que os agricultores aceitem esta situação serenamente. É urgente e sem demoras que o Governo apresente os seus esclarecimentos.”

“Importa assumir, de uma vez por todas, o setor agroalimentar como um verdadeiro desígnio nacional.”

Idalino Leão, Confagri

Idalino Leão já havia manifestado preocupação, durante reunião do Comité Geral de Cooperação Agrícola Europeia (COGECA), em Bruxelas, sobre a forma como Portugal não tem acautelado e gerido as suas necessidades de água. Na altura, afirmou que “não podem continuar a ser os agricultores a pagar pelos sucessivos erros nesta matéria.”

Para o líder da Confagri, sobre o tipo de medidas adoptadas na região do Algarve, “só vai trazer mais abandono dos territórios, menos riqueza para região e para o país e o inevitável aumento dos preços dos bens alimentares. Não se promove coesão territorial sem atividade agrícola e sem agricultores”, concluiu.

Recorde-se que as preocupações dos agricultores da UE estiveram em destaque esta semana, na forma de diversos protestos e de um diálogo aberto pela Comissão Europeia. Houve manifestações em vários países, incluindo França, Alemanha e Roménia, motivadas por uma série de queixas de proprietários e trabalhadores, incluindo baixos salários, novas regulamentações ambientais e aumento dos custos da energia. (Fonte: Confagri, Copa-Cogeca e Euronews; Foto: Guernsy Press)

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Marcelo de Andrade
Editor do Diário 560. Jornalista e Fotojornalista há 35 anos.