Quando o coronavírus chegou ao Brasil, logo soou o sinal de alerta para os povos indígenas, que têm problemas estruturais no atendimento à saúde e são historicamente mais afetados do que o resto da população durante epidemias.
O primeiro caso em uma aldeia foi confirmado um mês depois, no fim de março. Até a noite do dia 6 de maio, havia registos de 163 infecções e 12 mortes entre indígenas aldeados. Nas cidades, onde essas informações são mais nebulosas, as organizações indígenas contabilizam 38 óbitos. Ao todo, 29 povos já foram atingidos no Brasil.
Esses números, comparados com os dados do país inteiro, parecem modestos. Só que, numa aldeia, um único caso já é motivo de preocupação: as comunidades têm condições muito propícias para o espalhamento desse vírus. Em parte, pelo seu modo de vida pautado na coletividade. Em parte, por uma generalizada precariedade das condições de saneamento, com falta de rede de água, por exemplo.
Para piorar, em vários locais é difícil ter acesso adequado a serviços especializados de saúde, por conta das distâncias e dificuldades de transporte.
Ainda olhando para os registos, tem outro problema: nos últimos dias, dá para observar um crescimento mais acentuado, tanto no número de casos como no de óbitos. Isso sem falar na subnotificação, que é um problema geral no Brasil e também entre os povos indígenas. Leia o texto original aqui. (Por Raquel Torres/Pressenza)