Fórum Educação para o Desenvolvimento salienta migração e iniciativas na comunidade

As estratégias de Educação para o Desenvolvimento (ED) têm de “abalar preconceitos, estereótipos, e só assim será possível dar o salto para a mudança que todos almejamos”, desafiou Mónica Ferro, diretora do Escritório do Fundo das Nações Unidas para a População.

O repto foi lançado no passado dia 12 de maio, na Fundação Calouste Gulbenkian, na abertura do 2.º Fórum de Educação para o Desenvolvimento. Esta edição esteve subordinada à temática “Processos de aprendizagem sobre o mundo e sobre nós à luz da Educação para o Desenvolvimento”.

O evento teve como ponto de partida uma questão central: como interrogar o mundo e interrogarmo-nos a nós próprios a partir da ED em tempo de crises e de grandes transformações?

Migrações e a Língua Portuguesa

Sobre a reflexão e ação em tempos de crises, André Costa Jorge, membro da Plataforma de Apoio aos Refugiados (PAR), reforçou a necessidade de associar educação e migração, o que implica pensar de um modo mais integrado, dando como exemplo a necessidade de “adequar manuais escolares para que estes possam permitir a integração das crianças e jovens migrantes.”

Lina Coelho, professora na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, frisou os desafios da linguagem e da Língua Portuguesa em particular, que em algumas situações se apresenta como uma barreira e acaba por intensificar as desigualdades e a justiça social, mesmo para as pessoas vindas dos PALOP, que muitas vezes dominam outras línguas ao invés do português.

Neste sentido, a Cooperação e a Educação para o Desenvolvimento devem focar-se sobretudo na ajuda as pessoas nos seus países de origem. Lina Coelho referiu que há escolas que trabalham muito bem, mas também há outras onde não de faz nada, e reforçou que “tudo isto é muito efémero” porque tudo depende das dinâmicas de cada professor e professora.

Complexidade e Pluriversidade são valores positivos

Na maioria das intervenções, foi destacada a necessidade de aumentar o financiamento da Educação para o Desenvolvimento em Portugal. Sandra Monteiro, do jornal Le Monde Diplomatique, por sua vez referiu a importância de refletirmos sobre os conceitos de Ideologia da Complexidade, pois “não existe um local e um global, há vários locais e globais.”

Rogério Roque Amaro, do ISCTE-IUL, apresentou o conceito da Pluriversidade Comunitária, quando põe-se em prática a diversidade de saberes, onde todas e todos são “aprendentes” e partilham experiências, sendo o espaço público um espaço de democracia, no qual as Assembleias Comunitárias ganham relevo e associadas às assembleias municipais se assumem como alternativa para resolver problemas locais.

Para a Rede Animar é necessário reflectir para que seja possível promover a Educação para o Desenvolvimento, por forma a “garantir a inclusão das crianças e jovens migrantes e assim garantir a igualdade no acesso à educação.”

O Fórum ED é uma ação transversal no âmbito da Estratégia Nacional de Educação para o Desenvolvimento (ENED), promovido por uma comissão composta pelo Instituto Camões, Direção-Geral da Educação, pelo Centro de Intervenção para o Desenvolvimento Amílcar Cabral (CIDAC) e pela Plataforma das Organizações Não Governamentais para o Desenvolvimento.

(Fonte: Rede Animar)

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Marcelo de Andrade
Editor do Diário 560. Jornalista e Fotojornalista há 35 anos.