Por Bárbara Fonseca de Almeida *
Barcelos é uma terra de gente que cuida do outro, isso eu aprendi assim que cheguei com minha família por cá. Viemos do Brasil, passamos um ano em Monção, mas foi em Barcelos que resolvemos fincar as nossas raízes.
Fomos recebidos como se fôssemos de casa, como aqueles parentes que retornam para a sua terra depois de anos distante. Aqui passamos nosso primeiro Natal na Igreja de Santo António e o Ano Novo com a família dos patrões do meu marido que nos receberam no Restaurante Pérola com muito afeto.
Chegamos no auge do inverno, arrendamos um grande apartamento cujos cômodos em sua maioria nada tinham dentro. Sem trabalhar fora e sem amigos na cidade, na mistura de tédio e solidão resolvi fazer aquilo que seria possível naquele momento, usar meu tempo para ajudar os outros. Fui voluntariar e logo percebi que esta era uma prática comum no Concelho.
Apesar de tantas opções, pois aqui quem deseja voluntariar tem muito espaço, fiz contactos com três instituições: a Cruz Vermelha, o Projecto Animais de Barcelos e o Grupo de Acção Social Cristã (GASC).
A Cruz Vermelha, naquela altura, me aproveitou em dois projectos sociais onde cuidei com carinho das roupinhas do “Bebé Feliz” e dei toda a minha atenção aos idosos e doentes que tive a oportunidade de visitar.
Já na Associação Projecto Animais de Barcelos fui semanalmente acarinhada pelos trinta cães abrigados. Talvez eu nem soubesse, mas na verdade eu precisava deles tanto ou mais do que eles de mim. Foi uma experiência maravilhosa!
Mas foi no GASC que encontrei o meu espaço, não mais como voluntária, mas como uma orgulhosa funcionária.
Coincidentemente hoje, dia 5 de novembro, dia que eu inicio o trabalho como cronista deste jornal, também está a ser comemorado o 43º aniversário desta instituição. Atuando em Barcelos em tantas frentes tão necessárias, seja na intervenção com a população mais carente, pessoas sem abrigo, dependentes químicos ou vítimas de violência doméstica, o GASC me ensinou que todos nós precisamos uns dos outros para que consigamos ter uma sociedade mais equilibrada.
Depois de viver em Barcelos percebi que nesta terra o galo até canta depois de morto se for para salvar uma vida e o segredo da evolução da economia social está na solidariedade. Todos temos que fazer a nossa parte, muitas vezes podemos colaborar, basta querer!
* Jornalista com MBA em Comunicação Eleitoral e Marketing Político
Be the first to comment on "Em Barcelos o galo cantou"