Cooperativas cautelosas com desafios da Inteligência Artificial no sector criativo

O papel em evolução da Inteligência Artificial Generativa na produção de conteúdos tem implicações significativas para as indústrias criativas. Seu potencial para criar texto, imagem e vídeo são indistinguíveis daqueles feitos por um ser humano, e as práticas de coleta de dados que tornam isso possível tem vindo a gerar debates na indústria nos últimos meses.

Um dos estudos no Reino Unido aponta para a necessidade de educação para garantir que todos os criadores sejam capazes e se sintam confortáveis no uso de ferramentas de notícias e um foco no uso ético da IA através da legislação de direitos autorais e dos direitos dos trabalhadores.

Ao nível das cooperativas, algumas estão a proceder com cautela no que diz respeito à aceitação da IA generativa. A Creative Coop é uma cooperativa inglesa de trabalhadores que cria marcas, websites e ferramentas digitais, criada por criativos que procuram uma alternativa à agência tradicional ou ao trabalho freelance, onde poderiam ter mais voz sobre a sua produção e com quem escolheram trabalhar.

Segundo reportagem da Coop News, a Creative Coop realizou algumas experiências com a utilização de IA generativa em diversas áreas de negócio, como a produção de primeiros rascunhos de políticas empresariais, que depois tiveram de ser ajustadas manualmente.

Também experimentou usar as ferramentas AI como assistente de código de programação informática, com resultados mistos, diz o diretor técnico Alan Peart em declaraçõs à Coop News.

“As ferramentas de IA devem ser tratadas como o estagiário que precisa de orientação dos seus pares mais conhecedores”.

Rowenna Leanne, da Creative Coop

“Embora escrevesse trechos de código interessantes e muitas vezes apresentasse ideias inesperadas para resolver um problema, nenhum código que escreveu realmente funcionava”, revelou Peart. E acrescenta que, “quando questionada ou diante a solicitação a fazer ajustes, a IA escrevia um código totalmente diferente que também não funcionava”.

“Talvez tudo isto melhore com o tempo, mas por enquanto teríamos dificuldade em encontrar uma área do nosso negócio onde nos sintamos confortáveis com a utilização da IA – tanto do ponto de vista ético como porque a qualidade do trabalho não é boa o suficiente”, conclui o empresário cooperador.

Rowena Leanne, líder criativa da cooperativa, também está ciente das limitações da ferramenta: “a IA sempre precisará de um ser humano para supervisionar a sua produção. Os sistemas de aprendizado de máquina de IA são falhos, assim como os sistemas com os quais eles aprendem.”

Agregar valor ou remover trabalhadores

Leanne faz uma distinção entre dois tipos diferentes de IA oferecidos aos criativos: economia de tempo e suplantação. “O primeiro oferece aos trabalhadores a oportunidade de aumentar a produtividade de tarefas individuais dentro de sua função”, diz ela.

O segundo visa substituir funções inteiras e encurtar o processo geral de produção. “Um visa agregar valor ao trabalhador individual, o outro visa removê-lo. É com este último que devemos ser cautelosos em primeira instância”, alerta a criativa.

Leia a reportagem completa em inglês na Coop News.

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Marcelo de Andrade
Editor do Diário 560. Jornalista e Fotojornalista há 35 anos.