
“A nossa força é a proximidade com os nossos parceiros e clientes, uma escala global apenas nos torna mais um”, esclareceu Manuel José Guerreiro, presidente do conselho de administração da Caixa de Crédito Agrícola de Torres Vedras (CCAMTV).
O dirigente cooperativo referiu-se às limitações da regulamentação jurídica do Banco de Portugal sobre a banca cooperativa. “O isomorfismo não é o futuro das caixas de crédito agrícola”, alertou Guerreiro.
Os desafios e as oportunidades da banca cooperativa foram aprofundados pelos representantes das caixas de crédito agrícola mútuo durante a II Cimeira Internacional de Cooperativas de Língua Portuguesa, em Torres Vedras.
Desafios “glocais”
As oportunidades foram salientadas pelo espanhol Guillermo Tellez, da Caja Rural del Sur, que recorda que à volta das caixas de crédito agrícola há sempre necessidades como habitação, seguros e outras. “Temos de ser ‘glocais'”, desafiou, ao juntar o domínio local com os desafios globais.

Uma solução possível passa pelo Código Cooperativo Português, com a inclusão de um “ramo de crédito”, uma vez que o Banco de Portugal não vislumbra a existência de um banca cooperativa.
A opinião é defendida por Manuel José Guerreiro, para quem “as estuturas bancárias não querem a mutualização das caixas de crédito cooperativo. Nós não queremos a imposição de uma regulação global, uma vez que somos local, pertencemos e somos construídos a partir dos territórios.”
Em defesa do Crédito Cooperativo
Embora de forma peculiar em Portugal, a realidade das caixas de crédito agrícola mútuo são semelhantes em todo o mundo, identificou por sua vez José Renner de Rates, à frente da Sicoob Palmeiras, um dos maiores sistemas de crédito cooperativo brasileiro.
“A nossa base também são as diretrizes de Basileia”, disse Renner de Rates, em alusão aos princípios que norteiam todas as instituições desse ramo cooperativo, mas acrescenta que estas devem “ter mais voz no mercado”.
“Precisamos caminhar junto com os mais jovens, envolvidos com a realidade digital, mas sem perder o valor humano”, conclui, em defesa da identidade cooperativa das caixas de crédito agrícola mútuo, no que foi complementado por Manuela Nina Jorge, da Agrimútuo: “somos pequeninos mas somos fortes”.