Ativistas menifestam-se em Portugal pelo imediato fechamento do campo de refugiados em Moria

Cerca de 60 manifestantes estiveram reunidos no Porto e em Lisboa a denunciar a crise humanitária dos refugiados no campo de Moria, na ilha Grega de Lesbos, atingido no passado dia 9 por um incêndio que tornou ainda mais crítica a vida das pessoas lá instaladas.

Os ativistas, também concentrados em 37 outras cidades europeias este domingo, pedem a retirada imediata de todos os 13.000 refugiados do campo de Moira. “Portugal deve exercer seu poder político para pressionar os outros Estados-membro para acolher estas pessoas”, afirmou Ana Paula Cruz, da ONG Humans Before Borders, citada pela SIC Notícias.

Os organizadores, para além dos atos públicos para sensibilizar a sociedade civil, irão enviar cartas a António Costa e aos demais ministros a exigir que estas pessoas sejam evacuadas da Ilha de Lesbos e realocadas em países como Portugal.

A construção de um novo campo de refugiados em Lesbos tem recebido diversas críticas dos médicos e observadores humanitários no local, que consideram apenas um prolongamento do campo de Moira. Os ativistas alertam ainda para a indiferença dos europeus, que estão a permitir campos de refugiados dentro da Europa.

Embora o governo português já tenha sinalizado com a capacidade de receber 100 destes refugiados, Ana Paula Cruz afirma ser insuficiente, de um universo de 13 mil pessoas, que tem vindo a ser vítimas de violência, privação de liberdade, higiene e ausência de cuidados médicos.

Mariana Santos esteve em Moria durante dois
meses e testemunhou a crise humanitária
ignorada pelos europeus.

Diversos voluntários de outras ONG no terreno afirmam que “o que se faz lá não é Medicina”, afirma Mariana Santos, aluna da Faculdade de Medicina que esteve em Moria de Julho a Agosto. Integrante da Europeans for Humanity, ela diz que os cuidados limitam-se a prescrição de paliativos, como analgésicos e anti-inflamatórios.

Dos 30 casos positivos de Covid-19 desde o início da pandemia, o número hoje ultrapassa os 200. Os cerca de 5.000 refugiados que entraram no novo campo estão a ser testados, mas isso não impede o contágio, porque “o novo campo é vizinho ao antigo e é separado apenas por arame farpado”, alerta Mariana Santos.

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Marcelo de Andrade
Editor do Diário 560. Jornalista e Fotojornalista há 35 anos.