A Associação 25 de Abril propõe uma espécie de “flash mob” a todos os portugueses. Sobretudo aos órgãos de comunicação social, Rádios e Televisões para que, às 18 horas do dia 25 de Abril (hora da rendição de Marcelo Caetano em 1974), transmitam a “Grândola, Vila Morena”.
“A todas(os) as(os) cidadãs(os), onde quer que estejam, às mesmas 18 horas, suspendam os trabalhos (com excepção dos que o não possam fazer, nomeadamente os que estejam a prestar serviços de saúde) e cantem a “Grândola, Vila Morena”, seguida do Hino Nacional.
“Às e aos que estiverem em casa, provavelmente a maioria, que às mesmas 18 horas, venham às janelas e às varandas e cantem a “Grândola, Vila Morena”.
Leia a íntegra do Apelo à Participação:
“Comemoramos 47 anos da Revolução de Abril – o heroico levantamento militar do Movimento das Forças Armadas, logo seguido por um amplo levantamento popular, que pôs fim a 48 longos anos de obscurantismo e ditadura fascista e a 13 anos de uma guerra colonial que vitimou milhares de jovens portugueses e dos povos irmãos africanos.
Mais do que uma data, o 25 de Abril assinala o início de um processo revolucionário protagonizado pelo povo e pelos militares progressistas que realizou profundas transformações e conquistas democráticas no nosso país – conquistaram-se liberdades e garantias, direitos políticos, económicos, sociais e culturais, afirmaram-se a soberania e a independência nacionais, que foram consagrados na Constituição da República Portuguesa, que este ano celebra o 45º aniversário.
É preciso cumprir Abril. Para cumprir Abril é preciso impedir que sejam os trabalhadores e as pessoas mais vulneráveis a serem as principais vítimas das nefastas consequências económicas e sociais da crise provocada pela pandemia do COVID19 e, é preciso continuar a combater políticas de retrocesso como a precarização das relações de trabalho e o aumento da exploração dos trabalhadores, a manutenção dos baixos salários e pensões, o ataque aos serviços públicos e às funções sociais do Estado que devem ser garantidos de forma universal, não deixando de defender o interesse nacional na política externa.
Para cumprir Abril, temos de ultrapassar as dificuldades do momento que vivemos não recuando na reposição e aumento de rendimentos e salários, na estabilidade laboral, no reforço dos serviços públicos, na garantia do direito à educação e à saúde, na garantia do acesso à criação e fruição cultural, nos direitos das famílias.
A calamidade que enfrentamos evidencia, uma vez mais, o valor inestimável do Serviço Nacional de Saúde como eixo estruturante do regime democrático, só possível graças à Revolução de Abril e que importa defender e reforçar, cumprindo-nos dirigir uma sentida e justa saudação a todos os profissionais de saúde pela sua abnegada dedicação à causa pública, tantas vezes com risco para a própria vida.
É hoje necessário reforçar o Serviço Nacional de Saúde, em meios humanos e técnicos, é necessário reforçar a estrutura de saúde pública, assegurando a interrupção das cadeias de contágio por via da testagem massiva, é necessária uma vacinação rápida de todos os portugueses, concretizando o direito à saúde, plasmado na Constituição que saiu da Revolução de Abril.
Neste momento, em que enfrentamos tão difícil crise, reafirmamos que para cumprir Abril se impõe continuar a lutar para acabar com múltiplas discriminações e injustiças sociais, ainda existentes, e que a pobreza, a desigualdade entre homens e mulheres, a homofobia e transfobia, o desrespeito dos direitos humanos das pessoas com deficiência, a xenofobia e o racismo têm de ser combatidos e expurgados da nossa sociedade!
Face ao recrudescimento de expressões reacionárias, de cariz racista, fascista e anti-democrático, como democratas e progressistas, afirmamos que estamos unidos na afirmação de que os valores de Abril estão bem presentes na história, na identidade de Portugal e dos portugueses e tudo faremos para combater ideias e acções que ataquem Abril.
Comemorar Abril é convergir na defesa dos valores de Abril, na defesa da liberdade, da democracia, da reposição e conquista de direitos e rendimentos, do desenvolvimento de políticas para uma mais justa distribuição da riqueza, da construção de uma sociedade inclusiva, caminho que só é possível ultrapassando os constrangimentos impostos a um desenvolvimento nacional sustentável e soberano.
Comemorar Abril é convergir para cumprir valores da cooperação, da Paz, da solidariedade, da não ingerência e pela solução pacífica dos conflitos internacionais, afirmando a concepção universalista do Povo Português de amizade com todos os povos do mundo, e em particular, com os povos de língua oficial portuguesa.”