
A defesa dos valores do Cooperativismo e da “banca de proximidade” foi o tom defendido pelos representantes das caixas de crédito agrícola mútuo na abertura da II Cimeira Internacional de Cooperativas de Língua Portuguesa, em Torres Vedras.
Manuel José Guerreiro, presidente do conselho de administração da Caixa de Crédito Agrícola de Torres Vedras (CCAMTV), propôs mesmo um modelo de crédito agrícola independente como uma “terceira via da banca cooperativa”.

A opinião foi suportada por estudos de Rui Moreira de Carvalho [na foto] sobre “governance” e controlo do sistema financeiro de crédito mútuo e de Recardo Reis, investigador da Católica de Lisboa, sobre a ênfase na sustentabilidade inata e na adopção de modelos ESG (áreas ambiental, social e de governança), da sigla em inglês.
Economia de proximidade
A Agrimútuo, federação que representa cinco Caixas de Crédito Agrícola (Torres Vedras, Leiria, Mafra, Chamusca e Bombarral), a maioria das quais centenárias, foi recordada pelo estudo de Luis Morais, por sua força e ligação com a produção econômica local.
Esta discussão é liderada por Manuel Guerreiro, ao esclarecer que a estruturação de uma banca cooperativa em Portugal encontra-se limitada devido às “restrições da regulação do Banco de Portugal, que assume-se contrário ao conceito da mutualização” do capital.
Diferentemente da Espanha, as cooperativas de caixas de crédito estão sujeitas ao Regime Jurídico do Crédito Agrícola Mútuo, o que acaba por limitar as suas capacidades de crescimento. “Ora, a mutualização é construída à partir da realidade e investimento da economia local e isso torna as instituições financeiras cooperativas mais resilientes”, menos sujeitas ao risco e flutuações do mercado global.
Esta realidade já havia sido referida ainda na abertura da cimeira, por Alexandre Oliveira de Lima, ao referir que o “cooperativismo é uma resposta fundamental nesses tempos de desafios”. O secretário de estado da Agricultura e Desenvolvimento Familiar (estado do Rio Grande do Norte, no Brasil), esclareceu que naquele país, “os agricultores familiares são quem produzem a alimentação das populações, o consumo interno: o agronegócio produz apenas para a exportação”.
A questão é retomada no segundo dia de painéis sobre o “trabalho em rede”, a “competitividade territorial” e a “banca cooperativa”.
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