Num artigo de opinião, Cristóbal Ramiréz, do jornal A Voz da Galiza comenta a reabertura do Caminho de Santiago de Compostela. Leia abaixo (em tradução livre):
A Federação Espanhola de Associações de Amigos do Caminho de Santiago tornou pública na semana passada uma declaração em que, surpreendentemente, lamenta que, quando as rotas de peregrinação forem reabertas, se possa circular quem quiser.
Em termos textuais, com um argumento sanitário, a instituição diz que, em uma primeira fase, apenas “os peregrinos nacionais devem transitar”.
Descartado completamente que haja um ninho de racismo na federação, que por outro lado tem uma trajetória impecável, resta apenas considerar que a instituição cometeu um erro tremendo.
E por uma dupla razão: primeiro, porque o Caminho de Santiago não é um espaço policial.
A polícia de gabinete que temos não pode se transformar em polícia de albergues, denunciando à Guarda Civil se houver peregrinos de outros países. Estes teriam de ficar em silêncio para não serem descobertos. Essa é a antítese do espírito do Caminho.
E segundo, porque falta a lógica mínima. Do ponto de vista da saúde, é mais seguro caminhar passo a passo com um cidadão que mora no centro de Madrid do que com um dinamarquês do porto de Ribe?
É mais confiável andar e confraternizar com um cidadão do centro de Barcelona do que com um de Zurique? Por quê? As autoridades fecharam o Caminho legitimamente, mas quando o abrirem, será um espaço de liberdade para todos os seres humanos desde o primeiro minuto.
Como tem sido desde o século X.
(com foto de Ana Garcia)
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