Trabalhadores do grupo JN paralisam até a imprensa contra despedimentos

Centenas de pessoas juntaram-se à causa do Jornal de Notícias, O Jogo, rádio TSF, Diário de Notícias, Naveprinter, entre outras empresas do Global Media Group (GMG), durante a paralisação desta quarta-feira, dia 10, na Câmara do Porto.

Dezenas de colegas de profissão de outros órgãos foram autorizados a aderir à paralisação de uma hora, agendada pelo Sindicato de Jornalistas, em solidariedade aos trabalhadores do GMG. O autarca portuense Rui Moreira fez questão de falar durante as intervenções dos activistas em defesa dos jornalistas.

Também em Lisboa, os trabalhadores do JN, O Jogo, TSF, DN e restantes empresas do universo GMG fizeram-se ouvir. Várias centenas de pessoas concentraram-se pela manhã, em frente à Assembleia da República, onde o ministro da Cultura interveio.

Rui Moreira também
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Na capital, juntaram-se personalidades da cidade e do país, com destaque para Carlos Moedas, presidente da autarquia, Paulo Raimundo, secretário-geral do PCP, Isabel Camarinha, líder da CGTP-IN e Luís Neves, director nacional da Polícia Judiciária.

Fundo nas Bahamas é o misterioso patrão
O presidente recém indicado para a Comissão Executiva do Global Media Group, José Paulo Fafe, revelou na terça-feira, em audiência no parlamento, que um dos representantes do “misterioro” fundo de investimento dono do GMG, com sede nas Bahamas, é o gestor francês Clément Ducasse.

Os administradores têm tido dificuldades em explicar as motivações (políticas, económicas ou mesmo editoriais) para desvalorizar publicamente os títulos do grupo e para desmantelar a estrutura de jornais que dão lucro (como acontece com o JN, que vende 30 mil exemplares por dia).

Recorde-se que a administração do grupo Global Media informou, em dezembro, que não pagaria os salários destes trabalhadores e, até hoje, nem sequer acionou o fundo de garantia salarial.

No JN, em concreto, dezenas de colaboradores a recibos verdes foram avisados que as suas prestações de serviços cessariam nos primeiros dias de 2024. Ao incumprimento de obrigações com os trabalhadores, soma-se a pressão para a rescisão trabalhista e a ameaça de um despedimento colectivo que pode chegar a 200 pessoas. 

Recorde-se ainda que em 2005, quando foi publicada a última edição do centenário jornal O Comércio do Porto, a solução para salvaguardar o trabalho dos seus jornalistas foi a criação de uma Cooperativa, que ainda hoje presta serviços a diversos meios de Comunicação Social.

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Marcelo de Andrade
Editor do Diário 560. Jornalista e Fotojornalista há 35 anos.