Ossos do Ofício

Porque tenho, imensas, saudades dos meus alunos,

porque as crianças, me, nos, oxigenam,

porque setembro nos remete para a escola,

porque a aprendizagem não (re)começa, nem se finda, nem naquela, nem neste mês,

porque ensinar é plural, colectivo, transversal,

porque educar é preciso,

porque a educação nos melhora, e nos define,

porque o ensino é mais do que, a acumulação, ou a preparação, de anos lectivos, agrupamentos, turmas, professores, salas, aulas, testes,

porque o ensino descura, até, testes, fichas, e tpcs,

porque educar é conhecer, contextualizar, orientar, incentivar, envolver, seduzir, aprender, dividir, diversificar, reflectir, desenvolver(-se),

porque saber não é decorar, memorizar, ou debitar,

porque aprender é querer, estar, participar, experimentar, fazer, investigar, resolver, ponderar, dialogar, argumentar, compreender, sentir, viver, exercitar(-se), ser(-se),

porque me revejo na escrita,

porque a escrita evolui, se (re)inventa,

porque a escrita, também, é recreio, sem hora, nem toque de campainha,

porque o brincar é pedagógico, e sério,

porque o prazer é autêntico, e urgente,

porque a criatividade se explora, e, se enriquece,

porque a autonomia se constrói,

porque comunicar é fundamental,

hoje, brindo-vos com exemplares de cadavres exquis, elaborados por jovens, entre os sete e oito anos de idade, repescados de um projeto educativo, suscitado pelos próprios. A técnica, usada, eclode no surrealismo, personificado, na pintura, por Francis Picabia, Max Ernest, Hans Arp, Marcel Duchamp, René Magritte, Yves Tanguy, na literatura, através de André Breton, Paul Élaurd, Louis Aragon, Benjamim Péret, Robert Desnos, Antoin Artaud, Michel Leiris, René Char, Philippe Souplat, corrente artística moderna que, por excelência, representa o irracional, o subconsciente, o impulso, o inédito, baseada no dadísmo, na pintura metafísica de Giorgio De Chirico, e Guillaume Apollinaire, bem como das teorias psicanalíticas Sigismund Freud.

O que é uma mochila?
É uma árvore.

O que é o Natal?
É um gato.

O que é um javali?
É um carro.

O que é uma mota?
É uma folha.

O que é um quadro?
É um coiote.

O que é um pinheiro?
É uma casa.

O que é uma árvore?
É a casa do cão.

O que é um cavalo?
É uma raquete.

O que é o amor?
É um Ferrari.

O que é o quadro?
É uma casa.

O que é um bolo?
É uma professora.

O que é um automóvel?
É o Pai Natal.

O que é um quadro?
É uma mota.

O que é o amor?
É uma bola.

O que é um tesouro?
É um tigre.

O que é um trevo?
É um carro.

O que é uma carta?
É um leão.

O que é um espelho?
É um cato.

O que é um animal?
É a família.

O que é uma árvore?
É uma coisa fedorenta.

O que é uma baleia?
É um carro.

O que é um leopardo?
É uma folha rasgada.

O que é uma professora?
É amor.

O que é uma carroça?
É a alegria.

O que é o Jerónimo?
É um pinheiro.

O que é um automóvel?
É a amizade.

O que é um atleta?
É um sol.

O que é um arco-íris?
É um touro.

O que é um presépio?
É um gatinho.

O que é um animal?
É um avião.

O que é um bilhete?
É uma boneca.

O que é uma flor?
É um saco.

O que é um quadro?
É um pinheiro.

O que é uma janela?
É uma mota.

O que é um cavalo?
É uma árvore.

O que é um quadro?
É o mar.

O que é uma égua?
É uma flor.

O que é um quadro?
É uma gaivota.

O que é um touro?
É o sol.

O que é o alfabeto?
É magia.

O que é o amor?
É um lémure.

O que é um búfalo?
É um vidro estilhaçado.

O que é um cato?
É uma árvore que se põe no Natal.

O que é um automóvel?
É um cavalo.

O que é um animal?
É uma tolice.

O que é um doce?
É uma mochila.

O que é uma mochila?
É uma flor.

O que é um pinguim?
É um carro.

O que é um gato?
É uma batata.

O que é um boi?
É o Verão.

Para que serve um garfo?
Para fazer kiwi.

Para que serve uma vaca?
Para ficar na sanita.

Para que serve o barco?
Para pintar as unhas.

Para que serve o papel?
Para ligar a luz.

Para que serve o interruptor?
Para ir a Espanha.

Para que servem as asas do pinguim?
Para tirar o sapato.

Porquê que eu falo?
Porque brilhas.

Porquê que o pato anda?
Porque cheira mal.

Porquê que o pano limpa a água?
Porque é alto.

Porquê que existem cowboys?
Porque tem gás.

Porquê que existem índios?
Porque acaba no 5.

Porquê que o cão tem pêlos?
Porque quer andar.

Porquê que a cola é pegajosa?
Porque é elegante.

Porquê que a vaca faz barulho?
Porque é divertido.

Porquê que a ovelha grita méeeeeeeeeee?
Porque é pequeno.

Porquê que os pássaros piam?
Porque são velozes.

Porquê que eu sou o Gonçalo?
Porque tens unhas.

Porquê que o livro é pequeno?
Porque nada.

Como é o carro?
Envergonhado.

Como é o boi?
Careca.

Como é o carro?
Grosso.

Como é uma árvore?
Engraçada.

Bem-vindos, apresento-vos a Ana, Ana em homenagem à avó materna, Ana para os demais, Anita para os mais íntimos.
Nasceu a 7 de Setembro de 1989 no Porto, cidade que a viu crescer. Filha única, cedo se revelou uma menina doce, pensante e próxima das letras.
Primeiro, estudou Línguas e Literaturas na ESAH (Escola Secundária Alexandre Herculano), depois, ingressou na ESE (Escola Superior de Educação), onde se licenciou em Educação Básica.
Daqui, partiu para a Universidade do Minho, vindo a frequentar o Mestrado em Educação Pré-Escolar e Ensino do 1º Ciclo do Ensino Básico.
A nível profissional, já abraçou outras áreas, como a comunicação e a restauração, porém, é na educação e na escrita que se revê e reinventa todos os dias.
Nesse sentido, em 2016, colaborou, na qualidade de cronista, para o site Mais Opinião, atualmente, encontra-se extremamente feliz, como se a sua vida tivesse dado uma volta de 560º, por poder participar neste diário.

Agradece sugestões, comentários e propostas futuras através de escritaafiada@hotmail.com ou podem segui-la no seu Facebook.

About the Author

Diário 560
Jornal online em Língua Portuguesa especializado em Economia Social.