O Brasil vive um Pandemónio

"Hieronymus Bosch - Christ in Limbo"

Por Susan Cruz

O Brasil enfrenta uma pandemia, uma das piores da história da humanidade sem liderança. Infelizmente o papel do governante nesse momento crucial é o de mimetizar a política. Completamente incapaz e perturbado, cria os próprios conflitos dentro do Governo e com os outros poderes não sendo capaz de gerir absolutamente nada, ele faz de tudo menos governar. Para tudo aquilo que é importante não existe um presidente. Existe um espectro de presidencialismo onde uma figura distorcida cria fofocas na internet, teoriza conspirações, polariza um viés ideológico carcomido entre os partidos e fala asneira em público, mas que não existe como autoridade de um país.

A pior cegueira é a mental, que faz com que não reconheçamos o que temos à frente”, já dizia Saramago em seu Ensaio Sobre a Cegueira.

Ele é o único chefe de Estado que, além de não ter nenhum papel significativo no combate ao Covid-19, aumenta o risco que população sofre diante da doença com orientações equivocadas. Como fez durante todo o tempo que está no cargo, tenta justificar a sua má conduta através da esguelha insólita. Defendendo o uso de medicamentos ainda não comprovados e o fim do isolamento, ou parte dele o que já se comprou na experiência de outros países ser uma catástrofe. Os números da doença são aterrorizantes e não param de crescer. Os Estados Unidos atual epicentro dessa pandemia recolhe em números desastrosos as consequências do atraso na implementação de medidas de contenção.

O cepticismo do Presidente Trump é o mesmo regurgitado inicialmente pelo presidente Bolsonaro. Quase como um reflexo involuntário ele frequentemente expulsa dessa forma o conteúdo que o excede. Um conteúdo de odor característico Enquanto ele se ocupa em criar ruído, o país tem duas crises para gerenciar, uma viral e outra política, mas nenhum líder, apenas o barulho a atrapalhar aqueles que tentam, com muito esforço, fazer algo no meio de tudo isso.

Dessa forma o país demora em criar estratégias de reação, os governadores não têm o apoio necessário por não alinharem com o governo federal e medidas mais severas que deveriam ter sido tomadas como uma vantagem geográfica foram desperdiçadas. Outros exemplos que deveriam ter servido de alerta como a situação de países europeus que vivem dias de terror como Itália e Espanha parecem não surtir efeito. Nem mesmo as imagens de corpos levados em caminhões e morgues improvisadas mostradas praticamente em tempo real, advindas do mundo globalizado em que vivemos, parecem convencê-lo da gravidade da situação. Diversos governantes assumem um papel de liderança no momento em que suas populações mais precisam, mas não este. Tampouco os que parecem ter tido algum resultado positivo na curva do vírus, como Portugal, parecem influenciar a postura do dirigente. O Brasil vive um pandemônio. E, talvez, a alcunha que ele perpetre nesse cenário seja a de um genocida. Infelizmente Bolsonaro vocaciona uma parcela da população em direção a um precipício, uma vez lá, todos gritarão, mas ninguém poderá fazer muito para salvá-los. A melhor chance, já que o próprio abstraiu-se de unir a nação, é trabalhar com a ideia de que não existe Presidente.