A Huellatina – Cooperativa Luso Latina, fundada no início de 2022, é uma organização de solidariedade social com caráter humanitário e de interajuda solidária, sem fins lucrativos e de âmbito global. Um dos objetivos da Huellatina é servir como uma organização de referência a qualquer emigrante latino-americano, que por alguma circunstância da sua vida necessite de ajuda ou orientação.
Angelica Bolivar, membro da Huellatina, percebeu que não existia presença institucional tanto no norte, como no sul de Portugal, uma vez que a Embaixada e a Casa América-Latina se encontram em Lisboa e é nessa zona que a comunidade se junta, em volta das atividades realizadas. Lançou a proposta de criação de uma cooperativa , para que a Embaixada pudesse propor atividades no norte do país ao abrigo da entidade. Assim surge a Huellatina, fruto de necessidades representativas, que foram sendo identificadas ao longo do tempo na comunidade latino-americana em Portugal e que com a pandemia cristalizaram de forma evidente.
O grupo fundador apresenta uma grande variedade cultural, sendo composto por pessoas da Colômbia, Cuba, Venezuela e Portugal. Após a fundação, juntaram-se à cooperativa, pessoas do México, Chile e Argentina.
Ainda numa fase inicial no que toca ao desenvolvimento de projetos para o futuro e burocracias, já se encontra traçado o principal objetivo da Huellatina: criar uma rede de contactos latino-americanos, que possam criar valor na sociedade portuguesa.
Encontram-se dispostos para que, sempre que um emigrante chegar a Portugal, iniciarem com ele, o trâmite de procura de emprego e melhor localidade para habitar ou outro tipo de orientação. Estão a estabelecer contactos com a Ordem dos Advogados, para que futuramente, a cooperativa possa integrar profissionais que orientem as pessoas que precisam de apoio na parte documental.
Uma das atividades que Angelica Bolivar abordou, consiste na criação de cursos de português para hispano falantes. Uma das dificuldades que a comunidade latino-americana que frequenta este tipo de ensino encontra, é o facto de os professores explicarem a matéria em inglês, uma língua universal, que infelizmente não conseguem acompanhar com sucesso.
Outra das atividades são os lanches latino-americanos com a comunidade portuguesa, de modo a criar uma fusão entre as duas culturas.
“Muitas vezes não sabemos o que é um bolinho de bacalhau ou uma nata, a importância de conhecer também a história dos portugueses”, refere.
Um último exemplo que referiu com bastante entusiasmo e para o qual enfatiza que precisarão de ajuda por parte de instituições do Porto, seria a criação da Zona Latina do Porto, à semelhança da China Town em Londres. Um local que junte restaurantes mexicanos, colombianos, venezuelanos, peruanos, assim como outros tipos de negócios, como por exemplo a bijuteria, que sejam levados a cabo por latino-americanos. É um projeto ambicioso que espera reunir a cultura de vários países da América Latina num único espaço da cidade do Porto.
“Assim como nós cá temos necessidades, os imigrantes portugueses nas comunidades latino-americanas também as têm e as instituições não conseguem chegar a essas pessoas.”, acrescenta Angelica Bolivar, esclarecendo que pretende chegar à comunidade migrante portuguesa e ajudá-los a criar os encontros que são feitos em Portugal, como forma de agradecimento por receberam tão bem todos os emigrantes que têm chegado ao longo dos anos.