A greve dos tecelões no Porto abalou o país em 1903, gerou grande solidariedade da população e também da imprensa. Para evocar esse momento histórico da luta dos trabalhadores por melhores salários e condições de vida, será realizada uma sessão pública no Centro Histórico.
O evento vai ter lugar nesta sexta-feira 30 de Junho, pelas 21h30, no auditório da Junta de Freguesia de S. Ildefonso, na rua de Gonçalo Cristovão nº 187 (próximo do Jornal de Notícias), e é organizado pelo Bloco de Esquerda no Porto.
Nesta Sessão Pública participam Domingos Pinto (sindicalista do sector do vestuário), Gaspar Martins Pereira (historiador), Manuela Espírito Santo (escritora) e Isabel Pires (deputada).
Marcha dos Famintos
Há 120 anos, numa fábrica de tecidos da rua do Bonjardim, os tecelões pararam o trabalho, depois do patrão ter despedido a comissão de operários, que reivindicava melhores salários e condições de trabalho.
O protesto propagou-se e ganhou a adesão de mais
operários portuenses. Milhares de trabalhadores fizeram
greve, que ao ser proibida e reprimida ganhou uma enorme dimensão política.
Foi a maior greve até então no país. 20 mil operários abandonaram as oficinas e vieram à rua clamar por “Justiça, pão e liberdade”. Apesar das cargas policiais e das prisões, ocorreram “marchas dos famintos”, que partiam da Batalha e juntavam-se na Praça de D. Pedro (hoje Praça da Liberdade/Aliados).
A greve geral envolveu diversas classes trabalhadoras, como chapeleiros, manipuladores do tabaco, metalúrgicos, sapateiros, serralheiros e outras. Ganhou o apoio da população e da imprensa da época, que até ajudou à recolha de fundos e outros bens destinados aos grevistas.
A greve do Porto ganhou uma dimensão nacional e internacional. Em Lisboa e noutros locais do país causou assombro a resistência dos tecelões. E a solidariedade das outras classes despertou verdadeiro entusiasmo.